31 de Agosto de 2009

...fui ao multibanco, volto daqui a uma hora...

 

Eu juro pela vossa saúde!

Vou pôr em marcha um negócio que julgo ser perfeitamente rentável e que será auto-sustentável.

Uma barraquinha de venda ambulante estacionada junto aos multibanco. No cardápio pode escolher-se entre café, sumos, chá, sandochas, revistas de palavras cruzadas, sudoku, mikado, xanax...

 

As máquinas ATM ficam sempre congestionadas no início de cada mês.

Cada um de nós tem contas para pagar, sem dúvida. Mas estar a ocupar uma destas "cuspidoras de papel" por mais de cinco minutos, a introduzir código atrás de código, valor após valor é, à falta de melhor definição, uma relação sadomasoquista.

O indivíduo triunfante e de peito feito, a dedilhar as teclas metálicas e com seis envelopes na mão. Sim, seis envelopes! As cartas que já podiam estar cá fora, preparadas de forma a demorar menos tempo, permanecem no seu interior, porque o indivíduo dispõe de bastante tempo e não revela pressa porque o dia lhe corre bem e o sol brilha!

Enquanto isso, uma mão cheia de seres pacientes conformados cruzam os dedos, rezam aos quatro pontos cardeais, levam a mão ao cutelo que trazem pendurado no cinto e voltam atrás na decisão por possível arrependimento, pedem entre dentes que um raio fulmine o energúmeno e, quando a pessoa julga que é desta que o indivíduo se vai de vez, ainda levanta dinheiro, carrega o telemóvel (o dele, o da mulher, o do filho e o da vizinha que, por acaso, tem uma maneira muito sui generis de pendurar a roupa no estendal), a internet pré-paga e por fim, faz uma consulta de movimentos de conta!

E nós que só queríamos fazer um levantamento de 10€! Só isso!

Ainda mais desmoralizados ficamos quando, por cima dos ombros de quem foi bafejado com mais sorte só por ter ficado à nossa frente, reparamos que a máquina já teve dinheiro, mas já não tem! Porquê? Porque estamos em quinto lugar na fila!

O indivíduo liberta finalmente a máquina, retira-se sem olhar para trás e sem desejar um resto de bom dia, a quem começava a considerar a hipótese de que uma década e meia por homicídio, mesmo que por insanidade temporária, até não soar nada mal naquele momento.

Isto tudo faz-me acreditar com mais veemência no nosso sistema penal. É graças a ele que não cometemos tantos...acertos de contas.

escrito por centrodasmarradas às 17:11 linque da crónica
30 de Agosto de 2009

...já mordia qualquer coisa...

 

Bolbos procto-mamíferos que, acidentalmente, resvalaram neste artigo. Bem-haja a todos sem excepção.

O acto de alimentar é uma causa ou um efeito? Será que alimentamo-nos porque sim ou porque tem de ser?

Como diria e muito bem Sherlock Holmes:

- Alimentar, meu caro Watson.

Desde os primórdios do tempo, que somos aquilo que comemos, comemos aquilo que conseguimos e o ramalhete não ficaria completo, se não incluísse o capítulo em que nos comemos uns aos outros.

 

Agora encolham-se como se viesse um camião desgovernado e em triplo salto, na direcção do banco de jardim em que praticam ballet em pontas.

Todo este aparato porque o tema que aí vem a seguir, além de não ser fácil, não contribui em nada para a boa digestão daquele arroz de atum que ingeri à alarve.

 

Para que a introdução seja menos invasiva, volta a brilhar neste espaço lúdico após ausência injustificada, a famosa rubrica "Até Arrepia!".

Temos a "Manu" Ferreira Leite, uma repetente é certo, mas por...boas razões.

Já estão habituados ao exercício, mas eu explico...novamente.

Fechem os olhos, imaginem a foto dela em "piquena" do lado esquerdo e, do lado direito, a foto de aspecto actual.

O que mudou então de lá para cá?

...(rufar de tambor)...

As rídulas! sim senhor! Andamos mais espertinhos.

 

Há que dar a mão à palmatória e reconhecer que não deve ter sido fácil para a "Manu", ter de encarar o passar dos anos desde pequena, com uma cara de velha.

No recreio da escola foi, quiçá muitas vezes posta áparte, por querer suspender, travar ou parar as brincadeiras dos outros:

- Este jogo é muito arriscado! Jogar à macaca requer pontaria! Se a pedra resvala e fica entre duas casas...não, não e não! Vamos suspender o jogo e procurar uma solução até ao próximo intervalo!

- Ó professora! A "Manu" está outra vez a hiperventilar!

 

E se fosse criado um programa generalista, como por exemplo, "Querido, mudei a presidente!"?

Um programa que seria responsável pela mudança radical da aparência física e estética da concorrente.

Sacavam aqueles fatos de juta e sisal e trocavam por algo mais leve. Imaginem a metamorfose que seria concretizável nesta...no...pronto cá está, eu não disse?...uuui, a azia...

 

Por falar em bafio, como está a ficar abafado aqui dentro, queiram levantar-se e acompanhar-me até lá fora. Vamos todos jogar à macaca.

Agora, jogar o quê à macaca? Amendoins? Bananas? Fatos da Margaret Thatcher?...

escrito por centrodasmarradas às 14:53 linque da crónica
30 de Agosto de 2009

...passe para a casa 33...

 

Meus fiéis seguidores, cidadãos munidos de binóculos na praia, psicóticos em franca convalescença.

Hoje a minha vida mudou. Só de pensar nas vezes que já tive oportunidade de abrir a porta de casas de banho públicas e apanhar a pessoa desprevenida e não o fiz...que desperdício...

 

Cada vez que passo nas estradas, tenho a ideia que estou a viajar por um tabuleiro do Monopólio.

Há por esse nosso Portugal inúmeras casas, terrenos, silveirais, postes de madeira e cimento, casotas de animais de estimação, que são pertença de várias imobiliárias.

Eu pergunto, porque razão as imobiliárias não podem entrar na corrida ás autárquicas? Porque não a igual cedência de tempo de antena?

Não vos dou cinco anos para nos vermos com um referendo nos braços a colocar essa hipótese. Isto pode tomar proporções nunca antes vistas! (por outro lado, pode acontecer como aconteceu com o referendo do acordo orto"gáfico").

Reparem. Os placares das diversas imobiliárias rivalizam agora, em igualdade de circunstâncias, com os dos diversos partidos.

 

(musiquita)

O ESPAÇO QUE SE SEGUE, É DA INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS INTERVENIENTES

(fim da musiquita)

- Camaradas. A nossa imobiliária conseguiu só neste semestre, 80% da zona de Mircozelo e 60% da zona de Murtafel. A zona de Pinhenga, outrora covil da nossa concorrência mais directa, abriu a porta das suas casas e hasteia agora com orgulho, a nossa bandeira!

É louvável! É justo! Vota em nós! Compra-nos uma casa!

 

Seria surreal no início. Contudo, à medida que fossem surgindo mais anos com duas ou três eleições diferentes, já não soaria a algo tão bizarro.

O meu medo é se, quando me deparar frente a frente com o boletim de voto, veja-me no dilema se estou ali para votar ou para escolher casa ou apartamento. E o Ricardo Azevedo de viola em riste, a aparecer de repente na cabine de voto, a cantar o seu clássico e a pregar-me um susto...

escrito por centrodasmarradas às 00:13 linque da crónica
29 de Agosto de 2009

...um pontapé nos tim-tins...

 

Sejam bem-vindos aos "Traumatizados Anónimos - Grupo de Apoio (vertente imagens olímpicas televisivas anos 70/80)".

Coloquem as cadeiras em círculo e, para vos deixar mais à vontade, vou eu começar a narrativa da minha experiência.

Quem, como eu, não se lembra das atletas da ex-União Soviética, ex-República Federal da Alemanha e outras, que cultivavam uma barbita de fazer orgulhar um pai extremoso que tinha como missão, um primogénito macho?

Já lá vão uns bons anos, mas ainda hoje carrego comigo essas sequelas de imagens traumatizantes, tenho suores frios e temo que perpetuem para todo o sempre na minha memória.

O drama de assistir aos corpos "avantajados" no lançamento do dardo, do peso, do disco, contrastavam com o chocante salto em altura e em comprimento com os seus corpos esguios e anorécticos, que muitas vezes nos faziam apostar se era homem ou mulher, momentos antes de aparecer na imagem, a nacionalidade do atleta.

Ainda sinto um frio no estômago e por vezes até cólicas, quando falo sobre estes episódios.

E quando menos se esperava, quando se julgava já não ser possível haver um retorno, eis que volta o assombro dantesco!

 

Há eventos que correm bem, outros mal e outros ainda, nem por isso.

O Mundial de Atletismo de Berlim, tornou-se um belo exemplo de insólitos.

Depois da gargalhada numa ou outra situação nunca antes vista, anda agora tudo apático à volta do(a) atleta fundista Semenya, a tentar vislumbrar subtilmente, qual o sexo que esconde entre pernas (reparem no cuidado que tive em me mostrar imparcial, na colocação da pluralidade da identidade sexual e a resguardar-me desta forma, de futuras possíveis responsabilidades).

Maiores dúvidas:

- Aldrabice Sexual ou F.G.C.D. (Forma Genial de Contornar o Dopping)?

- Trigo ou Joio?

- Chá de Cevada ou Sumo de Uva?

 

Já não basta medir a percentagem de testosterona que um corpo produz. E não me admirava nada que muito em breve, vamos começar a ter antes da inscrição dos atletas, uma fila para uma tenda e lá dentro, um médico e uma médica exclamam com voz bastante perceptível, à medida que cada um vai entrando:

- É MENINO!

- É MENINA!

- EH LÁÁÁ!!!

escrito por centrodasmarradas às 22:27 linque da crónica
29 de Agosto de 2009

...uma da manhã, um murro, uma perna partida...

 

Nesta altura do ano em que o tráfego fluvial de gaivotas diminui, tenho andado a pensar seriamente em começar a calcorrear salas de espera para dar ânimo ás velhinhas hipocondríacas.

É um serviço sem remuneração, voltado somente para a prática do bem. Palmadinhas suaves e gentis na costa da mão da senhora e com voz calma e apaziguadora, digo pausadamente:

- Pronto, pronto, já passou. Conte-me então as suas maleitas...vá desabafe. Deite tudo cá para fora...

Sou apologista da ideia que o tratamento deve começar na sala de espera e não na sala do consultório. Deve-se preparar o paciente psicologicamente, para o que lá vem.

 

Tudo isto leva-me ao âmago, ao génesis, ao busílis da questão!

Imaginem a sala de espera de um consultório de um estomatologista legal português escolhido ao acaso.

É necessário arrepiar caminho para a criação de um plano hospitaleiro.

Um programa de Estado, em que alguém com formação em ocupação de tempos livres esteja presente nessa sala do taciturno consultório, a criar condições para distrair as pessoas (um Luís de Matos, porque não!?), ao mesmo tempo que mostra resultados excelentes enquanto no consultório em si, ouve-se a broca imitar na perfeição, uma rebarbadora.

Eu acho esta medida por mim avançada, crucial e oportuna.

Outra ideia também bastante audaciosa que me ocorre, é colocar um bar embutido neste tipo de consultório. E na hipotética embriaguez desmesurada do cliente e, de modo a providenciar ao mesmo um serviço fino e requintado, o preço deverá contar já com uma senha de transporte incluído para a deslocação ao domicílio.

Para uma melhor dinâmica, deverá até haver uma permuta pré estabelecida com uma praça de táxis.

Devo acrescentar que este último detalhe, revelar-se-ia bastante útil.

 

Na estreia da rubrica "Ainda não aconteceu, mas pode muito bem vir a acontecer, caso dê em moda aumentar o preço dos artigos no hipermercado", meditem no trabalho de casa que vos deixo.

Para evitar ouvir o tu-tu-tu intermitente da linha Saúde 24 e, em suma, não ter surpresas como o Bruno Pais teve no Triatlo com os juízes da organização, sempre que forem ás compras (e mesmo que escolham um hipermercado de maneira aleatória), façam a soma dos ítens adquiridos, artigo após artigo, antes de chegarem à caixa.

Evitem o uso inadequado dos veículos de emergência.

Já agora, é da meia garrafa de vinho tinto que bebi, ou a maçã reineta embebeda?

escrito por centrodasmarradas às 00:56 linque da crónica
26 de Agosto de 2009

...buu! eu sou o papão e vou-te comeeer!...

 

Febris agorafóbicos, distintos obcessivo-compulsivos, acólitos, mirtilos maduros. Saudações.

 

Quais são as melhores alturas para dar ou apanhar um susto como manda a lei?

Ao longo dos mais variados parágrafos, irei verificar parâmetros, analisar paradoxos, investir sobre paredes, perseguir carros...

Qual o melhor momento para dar um susto ao semelhante?

Eis uma pergunta perspicaz, como muitas outras que faço a mim próprio constantemente e que merece séria congeminação.

 

O primeiro susto de que há conhecimento, foi cometido no Paraíso.

Eva disse a Adão que estava grávida, Adão engasgou-se com a maçã, Deus interveio com a sua magnificente sapiência, "despachou" a criança para uma terrena e criou o big bang para apagar vestígios.

Não tentem fazê-lo.

Acreditem, é extremamente complicado.

 

Sem dúvida de que há países que têm para oferecer emoções fervilhantes, adrenalina e muita palpitação aos seus visitantes.

No topo dos países mais propícios a um belo susto, temos o Iraque.

É sobejamente conhecido por, se não estoirar duas ou três bombas por dia, não é a mesma coisa.

É como assistir ás Tardes da Júlia sem a Júlia Pinheiro.

Neste ofício do susto premeditado, há todo um trabalho de bastidores, trabalho de minúcia, rigor e profissionalismo.

Uma grande equipa constituída por dezenas de pessoas, trabalha sobre pressão noite após noite, para tornar possíveis os maiores sustos inimagináveis, com a agravante de se tentarem superar diariamente.

Num país onde já ninguém se assusta quando se bate com violência e estrondo uma porta de uma divisão espaçosa, é sinceramente desmotivante e frustrante para quem quer brincar, fazer os corações bater mais rápido e tornar brancos um ou dois cabelos.

 

Não é fácil encontrar locais novos ou intactos, capazes de surpreender até os mais cépticos e calculistas.

As estatísticas não ligam aos incautos ou distraídos, não andam atrás da opinião formada do Nuno Rogeiro.

Existe um enorme fosso entre a criação e o resultado. E esta situação por si só, é a prova cabal de que não se mostram melhoramentos significativos, no interesse pelas tradições de uma comunidade.

 

Para acabar em beleza e com o bolo em cima da cereja, tendes todos de acertar ainda esta semana, no número do terceiro vagão do comboio de carga, que sai do Entroncamento para sul.

Os que acertarem, podem experimentar uma viagem clandestina com as roupas da Linda de Suza, espetando um susto ao revisor ou levando um susto deste, assim que ele revelar o valor da multa...caso sejam apanhados, claro.

escrito por centrodasmarradas às 22:38 linque da crónica
26 de Agosto de 2009

...malmequer...malmequer...malmequer!?...

 

Como diz um dos meus lemas preferidos nesta altura agreste do ano, "doem-me os joelhos, amanhã vai chover".

 

Hoje, fiéis esponjas sedentas de clarividência, tenho o sexo para dissertar. Mas não de qualquer sexo. Falo dos nossos sexos!

Relaxem. Não iria falar de algo ao qual fosse totalmente alheio.

Por isso, fui pedir conhecimento de causa à espécie mais competitiva à face da Terra - a espécie Humana.

 

Ao longo de séculos, a guerra dos sexos (assim era chamada outrora), liderou espíritos de revolta e fugaz bracejar anárquico.

Durante milénios, o Homem e a Mulher disputaram o topo da cadeia alimentar, o trono da hierarquia, o topo da pirâmide.

Mas isso, foi em tempos de linguagem arcaica, tempos idos na areia da cronologia anciã.

Só devido a uma mão cheia de pergaminhos raros e praticamente ilegíveis, é que se teve noção de como Homem e Mulher gladiavam-se mutuamente, por um lugar ao sol ou por um lugar à sombra.

Todavia, como depois da tempestade vem sempre a bonança, ambos os sexos admitem agora, que nem sempre foi fácil anuir ás exigências um do outro, mas isso são águas passadas, reiteram.

Hoje vivem juntos, confraternizam de uma maneira saudável, cordial e reinam de igual para igual, em harmonia e entreajuda.

 

A minha teoria de provar que sentado num aspirador, consigo deslocar-me somente graças ao poder de sucção do dito aparelho, revelou-se um fiasco.

Infortúnio dos infortúnios, o aspirador usado para a experiência, tinha as saídas de ar laterais e não traseiras como logicamente era suposto e isso, para qualquer entendido em estudos de deslocação do ar e sua utilização como propulsor, faz toda a diferença. Aliás, é de todo em todo impossível realizar qualquer tipo de experiência que envolva apontar para a frente o tubo que suga o ar, quando o aspirador em causa, não vem munido de saídas de ar traseiras.

Mesmo assim e porque o estudo requer resultados para atrair possíveis investidores, resolvi arriscar a própria vida e efectuar um primeiro ensaio com o aspirador que de nada servia para o efeito.

Devo revelar que o resultado não foi o desejado, mas fiquei com um apontamento digno de nota para ensaios futuros: o cabo de corrente eléctrica do aspirador, deverá ter comprimento suficiente para uma volta completa à pista de atletismo. Caso contrário, os testes não irão a lado nenhum...

 

Como já vão sendo horas de acicatar a chuva com uma capa vermelha de toureiro, permitam-me uma última reflexão digna de referência.

Entre uma pessoa que ignora avisos visíveis de perigo e uma pessoa que não respeita o código de estrada, qual delas deverá "bater, bater, bater na portinha do Céu"?...

escrito por centrodasmarradas às 01:15 linque da crónica
23 de Agosto de 2009

...soa a falso...perdão, a falsete...

 

Preparava-me com um certo frenesim devo confessar, para tocar a Abertura de Tchaicovsky de 1812 nas teclas do computador, em jeito de faz-de-conta e de olhos fechados, tal e qual um cantor exímio que quer ser levado a sério quando faz o playback e pensei, "qual será a percentagem diária da humidade relativa do ar no Deserto de Danakil no norte da Etiópia, comparativamente à cidade El Azizia na Líbia?".

 

O playback não é mais, nem menos, senão o movimento mímico efectuado pelos lábios de um qualquer artista de plateau, presenciado por uma assistência abonatória, com o intuito de dar mais veracidade e credibilidade ao momento, algo do género "se estas pessoas que estão aqui in loco, não se mostram indignadas por isto ser uma gravação, quam sois vós para apontar pretensos defeitos à inércia labial em sintonia com a letra da música!?"...

 

Do mais extasiante possível, é quando se vê o cançonetista agir em conformidade e, junto a este, um elemento qualquer (até pode ser alguém com umas luvas de boxe calçadas), com uma guitarra que faz barulhos de bateria, orgão, guitarra sevilhana, pandeireta, claves, etc.

Se bem que, há um caso ou outro de o elemento estar com um orgão a substituir a guitarra prodígio.

Os orgãos são subejamente conhecidos pela sua egocentricidade, a sua arrogância, o seu pedantismo por deixarem muitos instrumentos devassados, lançados na amargura, no alcoolismo e no esquecimento.

Os orgãos são como um Fernando Pereira mas em versão de imitador aceitável ou, um José Freixo em versão de ventríloquo que não chega a mexer os lábios.

E todo o cantor que tem como religião praticar o playback, devia ter um Fernando Pereira e um José Freixo sempre à mão. Nunca se sabe quando pode falhar o orgão...ou faltar o sistema de som.

 

Os carneiros quando têm insónias, será que contam pastores?

É uma dúvida pertinente que me assombra sempre que tenho dificuldades em adormecer e algo a que, provavelmente, não se dedica o estudo suficiente e eu, devo dizer, acho muito mal.

Primeiro porque é de uma falta de sensibilidade e bom senso, para com aqueles que se sacrificam pelo nosso bem estar.

Em segundo, não faz de nós melhores seres humanos persistir em ostracizar o compromisso de um animal (que é, no mínimo, de um altruísmo assinalável), e que sacrifica o seu próprio descanso sem olhar a quem, para permitir o sono dos outros.

Reflictam nesta matéria assim que virem surgir a oportunidade inadiável de uma noite mal dormida.

 

Já a seguir, como conseguir a compilação com dvd de extras e em caixa arquivadora de luxo, dos melhores sacrifícios da História praticados nos mais conceituados matadouros de Terceiro Mundo.

escrito por centrodasmarradas às 23:15 linque da crónica
23 de Agosto de 2009

...não é mania de perseguição...creio eu.

 

Quando estava em cima da rocha escorregadia, a concentrar-me no equilíbrio do pé esquerdo e a molhar a ponta do pé direito na água do rio, aconteceu-me algo melhor que um mergulho acidental para trás.

Reparem.

Uma palavra extremamente versátil da língua portuguesa, é a palavra "aquilo". Podemos utilizá-la para tudo e em tudo!

Mas onde é mais fácil encontrar a sua utilização, é sobretudo no secretismo e quando vemos ser necessário ter de ser comedidos.

Outra situação igualmente usual e propícia para o uso desta forma verbal num tema mais sensível ou instável, é a nossa propensa queda para ocultar o óbvio com alguma teatralidade.

Eu passo a explicar de forma metódica.

 

Tenham como exemplo e somente para fins analíticos, verem-se agora de tutu vestido, sentados na sala de espera de um ginecologista ou proctologista.

As pessoas falam d"aquilo" sem tocar n"aquilo". Sabemos que se referem "áquilo", mas se mencionado claramente, é inibir, é expor, é até intimidar "aquilo".

 

A teatralidade alcança o apogeu, quando estamos no meio de uma conversa e duas pessoas, sem saírem do pé de nós, querem falar de algo em particular, qual beata escutada pelo padre no confessionário...

Ou seja, entra novamente em cena, outra forma de contextualizar "aquilo".

- Olha, já te vi "aquilo". E "aquilo" não te fica assim tão caro.

- Obrigado. Já agora, tenho ali "aquilo" de que falámos, para levares daqui a bocado.

 

Outro exemplo mais evidente, é o do narcotráfico numa qualquer esquina soturna...(já disse para a última fila parar com os risinhos à Michael Jackson, sempre que se fala em criancinhas ou medicamentos).

- Tens aí "aquilo" para mim?

- Trouxe-te algo melhor que "aquilo". É novo em Portugal. É "aquilo" que anda a causar sensação por toda a Europa!

- Não acredito! Conseguiste arranjar "aquilo", "aquilo" mesmo!?

- Exactamente! "Aquilo" mesmo!

 

Depois há "aquilo" em que todos pensam. "Aquilo" que faz alguns corar quando se fala d"aquilo". "Aquilo" que outros dizem nunca ter feito. "Aquilo" que alguns gabam ter feito...e nunca aconteceu. E "aquilo" que outros almejam ainda fazer, antes de morrer.

"Aquilo" que o Estado Novo tentou disfarçar, ou seja, "aquilo" que leva "áquilo", "aquilo" na mão, a mão n"aquilo", "aquilo" n"aquilo", "aquilo" na boca, a boca n"aquilo", "aquilo" à mostra...

 

Para finalizar, tenham para vós, um dos lemas que conservo comigo num copo de água, na mesa de cabeceira, junto ao candeeiro a petróleo.

A brincar, a brincar, o macaco fez "aquilo" à mãe.

 

Um grande bem-haja, apaguem a porta, fechem a luz e deitem-se...

escrito por centrodasmarradas às 14:41 linque da crónica
20 de Agosto de 2009

...é terrível!...é terrível!...

 

O dia em que o mundo acabou, não teve piada nenhuma. Nem foi bonito. Tudo porque muitas pessoas tinham coisas combinadas e não foi nada de bom tom, sujeitá-las à vontade de um capricho, como é o caso da decisão relâmpago de o mundo terminar.

 

No dia em que o mundo acabou, por temerem o prejuízo total, os matadouros tiveram de, num ápice, vender toda a carne ao desbarato. Fizeram promoções insanas como, por exemplo, vender uma metade de um cabrito e ofertar uma dúzia de frangos com miúdos (lá está a vossa mente a pensar num determinado pedófilo americano que se lixou por causa dos analgésicos...hum...anal-gésicos...tem tudo a ver com essa determinado...coitadito, vá lá!), e respectiva embalagenzita de sangue.

Mas não foi só o sector das carnes que sofreu um revés. A imprensa escrita teve também a vida complicada. As noticias que eram para ser apresentadas ao público na edição do dia seguinte, tiveram de sair numa edição especial e alargada no dia...anterior.

 

No dia em que o mundo acabou, choveram processos e recursos nos tribunais. Em causa esteve a deficiente informação que foi disponibilizada somente no dia que antecedia, a maior e mais marcante efeméride.

Embora por várias razões, revelou-se infrutífero todo o aparato criado pela vox populi, pois os tribunais estavam de mãos atadas e ocupados com um assunto prioritário que merecia célere resolução, ou seja, os restantes dias que ficaram por gozar das férias judiciais.

 

No dia em que o mundo acabou, reinou a ruína e a bancarrota...e o Trio Odemira...

E houve gritos e histeria. E houve muito pranto e queixume. E as pessoas uniram-se em agonia e azia, como que se de uma indigestão se tratasse, assim como quando se come carapauzinhos em molho de escabeche do dia anterior.

 

No dia em que acabou o mundo, não havia viv'alma que não sentisse a amargura, de não mais se saber a resolução do Processo Casa Pia.

E só por isso, houve guinchar desmedido e fungar incessante.

 

O dia em que acabou o mundo, foi fraquito. Pessoalmente, nem a surpresa soube!

Eu nem saí de casa para ir ao pão comprar hipermercado...perdão, comprar hipermercado para ir a um pão...bom adiante.

Eu nem como pão...

escrito por centrodasmarradas às 23:55 linque da crónica
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