...amigo verdadeiro, vale mais do que pinheiro...
Um destes habituais dias em que saí à rua para me dedicar a regar o puxador das portas dos carros desconhecidos que encontro mais a jeito, uma criança buscando a sabedoria perguntou-me se sabia como havia surgido o Natal. Eu olhei o pequerrucho, sorri e esfregando os nós dos dedos na moleirinha deste, respondi-lhe da melhor maneira possível:
- Ainda bem que me fazes essa questão, meu pequeno. Estavam decorridos 25 dias do mês de Dezembro quando, no primeiro centro comercial de que há memória, há muito que se passava por uma situação a que o Papa Bolo Rei gosta de referir como "nariz encostado à parede". Ora foi nesta meca mercantil quer desprovida de atractivos, quer de ideias para vender o resto da colecção da estação, que por obra do acaso, do nada, apareceu um velhinho de barbas brancas e vestido de uma forma muito peculiar, quase circense contudo apelativa, que inspirou os mercadores. O velhinho escutou a ideia dos mercadores que o rodearam e a troco de dois ou três garrafões de bom palheto que lhe tornasse o frontespício mais rosado, concordou. Logo ali mesmo foi celebrado um contrato precário a recibos verdes, com a duração de dois meses, sendo a folga a um dia da semana e a escolha desse dia por mútuo acordo. Tinha desta forma nascido o Natal que dura até hoje.
Finda a explicação sem os floreados pomposos habituais, a criança afastou-se de mim primeiro com uma expressão de estranheza, depois correndo a chorar para junto da sua mãe. Suponho que por ter sido enganado este tempo todo...
Este ano, façam tal e qual como eu. Se alguém mostrando inocência vos perguntar como nasceu o Natal, digam tudo menos a mentira...senão, não há prendinha...