28 de Agosto de 2011

...se não tens barbas, junta-te a eles...

 

Se se derem ao trabalho, irão reparar que os homens-estátua estão cada vez mais ousados e reais. Estive duas horas a olhar fascinado para um destes "ocupas" de espaços públicos (bastante bom na sua arte, devo dizer), e achei por bem empregue apostar 2€ no futuro do indivíduo. Abriu-se uma porta e alguém exclamou "Terminaram as visitas ao Cristo-Rei. Terá que voltar amanhã.". Não cheguei a perceber o significado...

 

As estátuas recordam-me duas coisas: pessoas que não gostam de se mexer, ou então, pessoas que só se mexem a troco de dinheiro.

Há estátuas que gostariam de ter um dia na vida de um simples mortal e mortais que não trocariam o seu dia mais bucólico para levar gratuitamente  com chuva e frio nos costados, como se de uma estátua se tratassem. Puro egoísmo...

 

As estátuas são feitas de material rígido e pesado para mais facilmente permanecerem estáticas. De outra maneira iriam arruinar todo o significado, perder toda a essência, o romantismo. Afinal o que seria se o Manneken Pis em Bruxelas não fosse feito de bronze mas de um material mais permissivo e, a fim de combater o tédio que são os seus dias, resolvesse desatar a urinar para cima de todos aqueles que o visitam!? Ninguém gosta de levar com um esguicho de água choca, quanto mais levar com a urina de meninos! Além de manchar, o cheiro entranha-se nos tecidos e depois só lavando...

 

Eu nutro de uma grande admiração e simpatia pelas estátuas. Pelos homens-estátua também, mas mais pelas estátuas. Admiro tanto que sempre que vejo um pombo com intenções de "despejar" numa, corro com ele e participo do bicho na esquadra mais próxima...

 

 

escrito por centrodasmarradas às 02:15 linque da crónica
24 de Agosto de 2011

...mais vale prevenir, que remendar...

 

O aranho que vivia no lado exterior do parapeito de uma janela do 5º andar e que se apaixonou por uma paciente da sala de espera de consultas externas do serviço de imunoalergologia de um hospital.

Parece-vos romântico, mas impossível? Pois é, mas aconteceu. Eu próprio vi a teia e ele já não estava lá. Sendo assim, só posso crer que correu bem...

 

Já lá vai o tempo em que as coisas eram simples. O Verão tinha tempo árido, quente, céu limpo com uma bola incandescente e um cão a urinar nos pneus do meu carro.

Hoje em dia tudo mudou e até o cão foi substituído por um gato vadio.

 

Despeço-me com dez minutos de silêncio, interpretados pela Filarmónica Fraternidade de Peso em Cima...

escrito por centrodasmarradas às 13:55 linque da crónica
22 de Agosto de 2011

...ladrão que poupa ladrão, tem 100 anos de perdão...

 

Há milho nesta altura do ano a crescer na espiga e é sempre bom ter milho. Em tempos de crise, muita galinha daria a coxa esquerda por um generoso punhado de milho.

Mas enquanto a galinha vem e não vem para a mesa, as obras nesta estação permanecem em ponto choco e não deixam o calor fazer o que lhe compete...

 

Eu tenho o cidadão em grande estima. Qualquer um! O cidadão comum tornou-se um ser que pensa. Indigna-se, põe em causa. Um pouco como as galinhas.

Fiz um breve questionário "à boca de incêndio" e o resultado do que pensam os cidadãos comuns do nosso país deixou-me inquieto, porém satisfeito:

> Impulso de colocar portagens num carreiro de formigas - Um cidadão;

> Pensar se uma máquina multibanco acredita ou não se a sua existência faz sentido quando desprovida de dinheiro - 3 cidadãos e um ambientalista a empunhar uma bandeira colorida;

> Reconhecimento da violação dos direitos fundamentais de um volume de tabaco que se vê contrabandeado entre nações - 10 cidadãos, 2 ambientalistas a gritar "uva passa, nunca mais!" e 5 cêntimos;

 

Como podem constatar, não são somente as galinhas a ocuparem o seu tempo com questões tão pertinentes como:

> Será que a Marineide vai cometer suicídio hoje à noite, ou irá preferir optar por atirar o Rinaldilson do pontão? - 15.000 cidadãos, um ex-escravo do grupo detentor das lojas de roupa da moda e o Noddy.

Assim como o comum dos cidadãos, também as galinhas não deixam nada por revolver. Esgravatam tudo!

Eu calculo que essa atitude seja graças ao poder que a curiosidade exerce sobre os seres vivos...

escrito por centrodasmarradas às 15:28 linque da crónica
08 de Agosto de 2011

...enquanto há vinha, há esperança...

 

Hoje saí à rua.

Saí à rua e estava o céu cinzento.

E o céu estava cinzento porque lhe apetecia...

 

Nada como um bom copo de cerveja vazio para ajudar a deitar cá para fora uma boa e curta prosa. Os copos de  cerveja vazios são muito, muito úteis. Não falam, nem deixam falar mais do que se deve. Se for um copo de plástico, tanto melhor...

 

Custa-me adiar o inadiável. Exceptuando as situações de satisfazer as necessidades de carácter fisiológico e de ver o tomate-cereja perto da data limite de validade e a metade do preço, qual é a outra altura em que não se pode pensar duas vezes em adiar? Exactamente. Fugir de um esquilo com raiva. E agora pensem com alguma dedicação e digam qual é o oposto de ver um esquilo com raiva num canal temático? Quem respondeu "escutar o apático e sereno ministro das finanças, onde quer que ele fale", tem direito a dois sacos de plástico diferentes do mesmo hipermercado contendo folhetos das melhores promoções passadas.

É que é de se ficar com o coração pequenino só de vê-lo naquele estado. Saber de plena consciência que ele não se vai exaltar e por conseguinte, partir uma cadeira em cima de um jornalista. Além disso, com toda aquela calma, duvido que seja homem para partir seja o que for, quanto mais um ramo. E se um ramo se partisse, eu apostaria no esquilo. Um esquilo tem a vantagem de declarar insanidade temporária graças à raiva, um ministro jamais...

O Vosso Senhor fez realmente muito bem as coisas quando criou isto onde vivemos. Uma delas foi permitir que hajam dois géneros dentro de cada espécie, de modo a poder haver bom sexo.

Ainda não se lembrou foi de colocar o Goucha a fazer um programa televisivo ao pé de uma sirene marítima...perdão...já se lembrou...

 

Para finalizar em jeito de chuva miudinha em cima do dorso, termino com um dizer muito característico entre os grupos de Gorilas de Dorso Prateado em plena bruma do Uganda:

"cada ministro no seu galho"...

escrito por centrodasmarradas às 13:40 linque da crónica
06 de Agosto de 2011

...águas traçadas, não movem moinhos...

 

Ah, aquelas manhãs de Verão com raios de sol a despontar e a aquecer a nossa cara, quando nem sequer nos importávamos com o cancro de pele...(suspiro). Vamos agora esquecer o ano de 1638 e voltar para o séc. XXI, onde a crise aperta o mundo tanto ou mais que uma cela na Birmânia.

Existem muitos tipos de arte e sem contar com a arte de fazer chichi para a sanita da casa de banho de um comboio em andamento, a mais difícil talvez seja mesmo a de fazer chichi com uma infecção urinária para a sanita da casa de banho de um comboio em andamento.

Podia aqui ficar a enumerar artes até esgotar o meu tempo de viagem. Podia, mas não estou para isso.

Vou antes criar uma ao calhas, simplesmente juntando duas palavras da página 49 do capítulo XI do Grande Manual dos Ofícios, edição de capa dura, com pormenores dourados e coisinhas.

Um compasso de espera e cá estão! "Espremedor", "Tectos". Como não quero com esta escolha encorajar animais a procriarem mais rápido que uma etapa da Volta a Portugal em Bicicleta, exclui de forma óbvia "Tectos" por ser uma palavra com alteração badalhoca no novo acordo ortográfico e por isso, procedi a uma nova busca aleatória. O resultado desta nova junção deu "Espremedor Papel". Ora aqui está uma arte castiça e que jamais iría lembrar ao I.E.F.P.!

Eu acabei por experimentar e fiquei com as pontas dos dedos todas cortadas.

 

Mesmo assim, ainda bem que existem estas viagens que nos fazem relaxar e pensar no que há de mais absurdo, no que é realmente importante. Mesmo num mundo surreal e vasto como é o das artes. Isso e a conclusão de que não convém ter ideias parvas num comboio em andamento...

escrito por centrodasmarradas às 15:36 linque da crónica
04 de Agosto de 2011

...quem corre por gosto, não dança...

 

"Por mais que limpes teias de aranha de tua casa, elas acabam por voltar a aparecer".

Depois deste conselho budista ao estilo filosofia doméstica, vamos em pé coxinho até ao sofá.

Enquanto decidimos numa manhã se nos devemos espreguiçar primeiro que o gato, um cientista enclausurado num laboratório, com ambiente de laboratório, com coisas de laboratório e toalhetes higiénicos testados em laboratório, decide qual o dia mais em conta para ser celebrado o Dia Mundial da Linha Longitudinal Descontínua de Carácter Temporário.

Mas ao comum dos mortais não lhe passa pela cabeça o protocolo e todo o caminho percorrido, até que a celebração veja a luz do dia. A mim também não e apenas me resta especular.

Eu creio existirem duas maneiras de se decidir um bom dia para homenagear algo que preenche o nosso dia-a-dia. A primeira consiste numa reunião entre cientistas, a ter lugar num café holandês onde se comercializam bolinhos de chocolate e especiarias bem dispostas que fazem rir. A segunda é por sistema de sondagem telefónica a lares de famílias que jantam pelas 19h35m.

Para haver um equilíbrio harmonioso na atribuição dos dias festivos, dá-se "uma no cravo, outra na ferradura", ou seja, ao Dia Mundial da Linha Longitudinal Descontínua de Carácter Temporário segue-se a partir da meia-noite do dia seguinte, o Dia Mundial da Linha Longitudinal Descontínua de Carácter Definitivo.

Como podem constatar, haverão sempre aspectos importantes a ter em conta na vida, mesmo que estas não venham com um lacinho a enfeitar...

escrito por centrodasmarradas às 00:40 linque da crónica
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