...quem canta, seus males estampa...
Meus fiéis, eu vos saúdo.
Uma bela noite passou com mais uma fantástica opereta latida (sim, leram bem).
Muito bem organizada, muito bem estruturada e de uma atenção exemplar para com os ouvintes.
Um cão barítono surge primeiro, pausadamente, notando-se a voz como que a desenrolar o cenário daquilo que irá acontecer.
Em segundo latido, o tenor, a deixar transparecer com bastante clareza a agonia bem patente e a aproveitar as deixas que o barítono lhe dá, para introduzir a miséria, a tristeza e o drama subjacente.
O baixo só aparece no fim do segundo acto, oportuno, com a minúcia de um bisturi, cortando aqui e ali de forma precisa, interpretando com excelência o papel de senhor e juiz.
No terceiro acto é que acontece algo que não estava na brochura.
Num tom discreto mas perfeitamente perceptível, do meio do nada ouve-se um latido que me parece de um papel secundário ou mesmo figurante. Um cão que parece estar enlatado ou dentro de um bidon, insurge-se perante os demais artistas, testa tudo e todos, incita-os a voltar a cena e numa desgarrada fulcral, contudo de improviso, puxa por eles e pelas suas vozes!
Mas que opereta, meus fiéis! Dou por bem empregue o tempo que estive acordado e com excelsa atenção!
Sublime! Piramidal! Um luxo! Bis! Bis!
Correndo de assunto como um pobre jornalista que corre de tribunal em tribunal para garantir mais uma reportagem de "mais do mesmo", uma coisa que me faz tanta impressão como imaginar o que uma vaca deve sentir, quando um humano introduz o braço (em toda a sua extensão), no canal de evacuação, é o seguinte:
Porque razão há ainda políticos ou pseudo-políticos que, enquanto se dirigem aos demais, insistem em estar constantemente a tocar ou a orientar os pequenos microfones das bancadas e púlpito!?
Será um fetiche!?
(SOIS MINHA PERTENÇA E IREI TOCAR-VOS AS VEZES QUE ME DER NA REAL GANA!)
Será uma mostra de poder!?
(OLHAI COMO EXERÇO TODO O MEU PODER, AO MEXER AS VEZES QUE ME APRAZ NESTES ENGENHOS PROPAGADORES DE VOZ!)
Será consumo excessivo de pó do hemiciclo por parte de pessoas susceptíveis ao referido, que faz com que os microfones pareçam mexer-se!?
(PARAI QUIETAS, CRIATURAS DEMONÍACAS! PARA TRÁS! PARA TRÁS, JÁ DISSE! IDE! EU NÃO CREIO EM VÓS!)
Por hoje é tudo e por ontem também.
Não se façam de estranhos e entrem sempre que a porta estiver destrancada...desde que a casa não seja minha,
Irei voltar assim que descortinar se o Batatoon está na escola de formação de juizes.
É que há casos que não passam de circo, outros resultam numa palhaçada e ainda alguns, em que coisas deixam de ser faladas por magia...