22 de Fevereiro de 2010

...gato escondido com o rato de fora...

 

Falando em momentos de descontracção, sabem aquela sensação estranha no estômago que não se sabe se é vontade de fazer uma necessidade de carácter sólido ou se é fome?

Dentro da área habitacional e pondo de parte as lógicas actividades que por lá se executam, eu tenho a casa de banho como uma das melhores referências locais para meditar, estar literalmente sozinho ou, pura e simplesmente, estar alheio a tudo e não pensar em nada.

Apesar da minha ser antiga e ao fundo do quintal, a casa de banho é de facto, como solo sagrado. É o nosso espaço zen que foi conquistado por nós, para podermos logo de seguida usufruir dele após a conquista. Por isso, estando embrenhado no vazio da minha cabeça, a concentração torna-se bastante difícil quando tenho de suportar o bater na porta (quando batem!), comentários subjacentes ao tema como "Que pivete! Estás na latrina ou houve um suicídio colectivo de gatos no quintal?", "Tu não precisas de comer mais vegetais, tu precisas é de um exorcista!", ou ainda o "anda lá com isso que o carro da Câmara quer limpar a fossa ainda hoje!".

A melhor maneira de sentir paz e tranquilidade interior numa latrina, é aproveitar uma altura em que mais ninguém está em casa. Aí, tendo como única companhia os meus pensamentos, posso desfrutar da frieza da tampa da sanita e fazer força! Limpar os recantos do meu ser!

É ali naquele bunker, que exorcizo o meu interior! É onde, que em precoce adolescência, as hormonas acicataram-me a dar largas a ideias pecaminosas! É ali que expulso toda a porcaria que me vai na alma, ao mesmo tempo que mentalmente vejo o frontispício de conhecidas azémolas de boca aberta, espelhadas na água circundada pela louça de cor nívea!

Como estaria eu se não houvesse uma casa de banho para me dar orientação ao longo de todos estes anos da minha vida!? A imagem mais provável que posso fornecer, é estar num canto de uma divisão vazia e sombria, aninhado, balouçante, a olhar autisticamente para os pés.

A casa de banho é isto e muito mais. Ela presencia o nosso crescimento, o nosso íntimo e não reclama, não desdenha, não critica. Ela consente, compreende e alivia...é como uma ama ou uma segunda mãe...

 

Nota: nesta crónica dedicada a este altar à meditação, não estão englobadas as casas de banho públicas...(exceptuando as antigas idênticas à minha, feita com tábuas de madeira de pinho)...

escrito por centrodasmarradas às 10:17 linque da crónica
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