...a cebola faz bem aos olhos...
"És como os cães!? Entram mal vêem a porta aberta!?"
"És de Braga!? É que deixaste a porta aberta."
"Disfarça, tens a braguilha aberta."
Tudo expressões que ouvimos num corriqueiro dia-a-dia.
Mas onde terá tido início, o propósito de tal utilização e qual o significado desta obsessão pela palavra "aberta"?
...não faço a mais pálida ideia...
Que tal irmos por um caminho mais coerente, mais razoável, mais terra batida?
Apresento-vos o saudosismo da mira técnica e programação didáctica.
Eu ainda sou do tempo em que a televisão tinha coisas cativantes, inovadoras, como é o caso da mira técnica que tinha todo um carisma hipnotizante. E se eu começasse a falar do sinal sonoro contínuo que era tudo menos incómodo, então é que não saía mais daqui...
Será arriscar ou ser pretensioso demais, se disser que a carreira de Tom Jobim sofreu um provável abalo ou foi provavelmente acusado de plagiador de primeira, com a introdução desta melodia de uma nota só nas nossas vidas?
E quem não se lembra do espaço juvenil e didáctico, que ensinava o maravilhoso mundo do aero/aquamodelismo?
Lembro-me de barcos e aviões serem episodicamente construídos com minúcia por um aprendiz que detinha em si uma vontade exacerbada de esganar o mestre pedante...
E eu divertia-me com isso!
Não com o facto de permanecer ansioso e a sonhar com o que iriam atingir no seguinte programa, mas sim com o facto de quantos mais episódios é que o aprendiz iria aguentar até perder as estribeiras, partir em pequenos pedacinhos o barco ou avião e exorcizar os seus demónios, tendo como alvo o pescoço do mestre!
Depois disto e com enorme pesar meu, surgiu a interactividade entre apresentador/telespectador do Luís Pereira de Sousa e nunca mais ouvi falar deste duo dinâmico que roçava a linha imaginária entre o programa didáctico familiar e a relação sadomasoquista.
Devo dizer que nem o método de ensinamento lançado pelo mestre Kesuke Miyagi do Karate Kid, chegou alguma vez a alcançar o método luso daquele programa.
Perdeu-se este método didáctico que nos prendia à televisão, perdeu-se a cor e o som da mira técnica...é triste.
O que será que se segue? A Eucaristia Dominical!? Os jogos da Santa Casa!?
Como não há miséria que não dê em fartura, chamei a este espaço mais uma vez, o momento "Até Arrepia!" com mais um teste ás semelhanças que pululam neste mundo.
Quanto mais ouço a música "Dei-te Quase Tudo" do Paulo Gonzo, mais fico convencido que foi feita à imagem da A.S.A.E. ...é como um hino.
Se escutarmos com atenção, parece mesmo a narração da vida sofrível de um qualquer empresário de contrafacção que é seduzido por este orgão de autoridade incompreendido.
Para acabar com água pelos joelhos, quais das duas possibilidades ficava melhor dentro de um saco de batatas em serapilheira de 50 quilogramas, fechado com cordel de sisal, acompanhado somente de uma pedra de peso semelhante, em direcção ao fundo do mar?
Hipótese 1 - MIKA;
Hipótese 2 - Livro "Viva Melhor";
(ambas são muito boas, eu sei. Daí ser uma escolha merecedora de alguma ponderação mais cuidada)