...soa a falso...perdão, a falsete...
Preparava-me com um certo frenesim devo confessar, para tocar a Abertura de Tchaicovsky de 1812 nas teclas do computador, em jeito de faz-de-conta e de olhos fechados, tal e qual um cantor exímio que quer ser levado a sério quando faz o playback e pensei, "qual será a percentagem diária da humidade relativa do ar no Deserto de Danakil no norte da Etiópia, comparativamente à cidade El Azizia na Líbia?".
O playback não é mais, nem menos, senão o movimento mímico efectuado pelos lábios de um qualquer artista de plateau, presenciado por uma assistência abonatória, com o intuito de dar mais veracidade e credibilidade ao momento, algo do género "se estas pessoas que estão aqui in loco, não se mostram indignadas por isto ser uma gravação, quam sois vós para apontar pretensos defeitos à inércia labial em sintonia com a letra da música!?"...
Do mais extasiante possível, é quando se vê o cançonetista agir em conformidade e, junto a este, um elemento qualquer (até pode ser alguém com umas luvas de boxe calçadas), com uma guitarra que faz barulhos de bateria, orgão, guitarra sevilhana, pandeireta, claves, etc.
Se bem que, há um caso ou outro de o elemento estar com um orgão a substituir a guitarra prodígio.
Os orgãos são subejamente conhecidos pela sua egocentricidade, a sua arrogância, o seu pedantismo por deixarem muitos instrumentos devassados, lançados na amargura, no alcoolismo e no esquecimento.
Os orgãos são como um Fernando Pereira mas em versão de imitador aceitável ou, um José Freixo em versão de ventríloquo que não chega a mexer os lábios.
E todo o cantor que tem como religião praticar o playback, devia ter um Fernando Pereira e um José Freixo sempre à mão. Nunca se sabe quando pode falhar o orgão...ou faltar o sistema de som.
Os carneiros quando têm insónias, será que contam pastores?
É uma dúvida pertinente que me assombra sempre que tenho dificuldades em adormecer e algo a que, provavelmente, não se dedica o estudo suficiente e eu, devo dizer, acho muito mal.
Primeiro porque é de uma falta de sensibilidade e bom senso, para com aqueles que se sacrificam pelo nosso bem estar.
Em segundo, não faz de nós melhores seres humanos persistir em ostracizar o compromisso de um animal (que é, no mínimo, de um altruísmo assinalável), e que sacrifica o seu próprio descanso sem olhar a quem, para permitir o sono dos outros.
Reflictam nesta matéria assim que virem surgir a oportunidade inadiável de uma noite mal dormida.
Já a seguir, como conseguir a compilação com dvd de extras e em caixa arquivadora de luxo, dos melhores sacrifícios da História praticados nos mais conceituados matadouros de Terceiro Mundo.