...deitar cedo e cedo erguer, dá trabalho e faz doer...
Eu devo confessar que sou a favor da canja.
Não há nada melhor para curar resfriados e futuros resfriados...até mesmo resfriados psicológicos.
Mas não é isto que quero dissertar quando estou num aviário de cutelo em riste, enquanto concedo o perdão a frango sim, frango não...
Serão mesmo as vacas alvos de estudos por parte de extraterrestres?
Para além da nossa natureza violenta e destrutiva, qual razão justificará o afastamento sistemático destes outros seres do universo?
Porque razão, pontualmente e após o repasto, levo o prato para outra divisão da casa que não a cozinha!?
Para esclarecer estas dúvidas e responder sobre o que usar vestido durante uma tempestade tropical, tenho comigo uma vaca leiteira que jura a patas juntas ter sido levada por extraterrestres.
Vou proceder a uma entrevista, sem deixar de sentir no entanto que, ou eu ou a vaca precisamos de ajuda profissional.
-...isto é estranho...Olá sra. Vaca.
- Olhe, em primeiro lugar sra. Vaca é a sra. sua mãe que não tem culpa nenhuma e devo dizer até que nutro uma grande admiração por ela. O meu nome é Evaristo Listo e sou Touro...
- Um touro!? Mas segundo o...
- Deixe-me acabar, homem! Sou Touro de signo. Julgava ser uma vaca leiteira antes do rapto, mas agora sou um boi.
- Ah! Portanto, foram os extraterrestres que lhe fizeram isso?
- Isso o quê!?
- A transformação! A mudança de sexo!
- Não! Eles é que descobriram aquando do rapto! Com esse acontecimento marcante, compreendi que havia algo em mim que não estava bem...
- E o que era?
- O facto de não ter tetas.
-...estou chocado...
- Também eles ficaram quando deram pela falha! Queriam uma vaca e sai-lhes eu na rifa...no prado, melhor dizendo. E graças a eles, tenho uma nova maneira de ver a vida.
- Quer dizer, um novo propósito na vida?
- Não. É literalmente uma nova maneira de ver a vida. Aquando da descida para o prado, a 2,5 metros do solo, o feixe de teletransporte enfraqueceu e eu caí de cabeça. Agora turva-se-me um pouco a visão...
- Estou a ver. Bom, "voltando à vaca fria", sr. Evaristo...
- Perdão!? Considero isso ofensivo!
- Não foi com o intuito de o ofender! Repare, é uma forma de expressão e que, neste caso, significa voltar ao assunto que estávamos a falar, entende?
- Vou dar-lhe o benefício da dúvida. Embora fique algo apreensivo...
- Adiante, como foi o contacto com a forma de vida alienígena? Foi a primeira vez?
- Foi a primeira vez e foi bastante rápido. Basicamente tratou-se de "tragam a vaca!", "isto não é uma vaca!", "ups! erro!", "mandem o boi de volta!".
- Então nada de luzes fortes?
- Não.
- Marquesa esterilizada e instrumentos de metal cortantes!?
- Não.
- Exames e recolhas de tecidos!?
- Receio que não.
- Implantes de transmissores-receptores subcutâneos!?
- Nada.
- E os extraterrestres?
- Abriram-me os olhos! É como lhe digo!
Quer dizer, aquela queda turvou-me literalmente o campo de visão, mas...
- Mas já é um boi.
- Exactamente!
- Bom, parece que já tenho informação suficiente.
- Espere aí, fique mais um bocadito. Coma uma porção de feno. Não se acanhe!
- Olhe, até sou capaz de aceitar porque já não como nada desde ontem ao final da tarde. E depois, tive de passar toda a noite a martelar o tejadilho do carro que ficou misteriosamente danificado...parece que alguém se sentou em cima.
- Ou caiu...
- Pois...