26 de Fevereiro de 2010

...mais vale tarte, do que nunca...

 

Hoje é dia de passeio, o que significa que sobre o signo "PASSATEMPOS QUE SE ENGLOBAM NA TRADIÇÃO PORQUE, SE NÃO FOSSE ISSO, SERIA PURAMENTE ESTÚPIDO ORGANIZAR COISAS ASSIM", vim até ao vale situado no fundo da escarpa presenciar tal acontecimento, que junta milhares de aficionados e praticantes.

Existe uma vasta panóplia de actividades que convidam ao convívio e à troca de números de telefone de outras pessoas ou mesmo aleatórios:

> Tiro ao Político Sacrista;

> Lançamento da Pedra à Gaivota (na qual sou lançador federado);

> Sopro à Desgarrada do Tufo de Pêlo de Coelho;

> Identificação Simplesmente Pelo Grito de Pseudo-Individualidades, Após Administração de Ferro de Queimar Leite-Creme em Brasa;

 

"Tiro ao Político Sacrista"

Nesta actividade, a crueldade está apenas presente no nome. O político está atado a um poste, somente ornamentado com uma fralda em tecido género serapilheira e com formigas vermelhas no seu interior.

À medida que grita, ri ou balbucia monosílabos diversos, é disparada uma mini couve de Bruxelas à sua zona púbica.

 

"Lançamento da Pedra à Gaivota"

(devido a ser uma actividade sobejamente conhecida e reconhecida, vou passar à frente)...

 

"Sopro à Desgarrada do Tufo de Pêlo de Coelho"

Esta actividade já desfez longas amizades, uniu casais, divorciou outros, enfim, convívio. Consiste em ter duas pessoas unidas por algemas que não podem lavar a boca antes do início da prova (há um elemento do júri especialmente destacado para averiguar o hálito dos candidatos...que participa só nesta prova). Os dois intervenientes terão de posteriormente cada um, ingerir dez dentes de alho e duas cebolas médias cruas. De seguida, outro elemento do júri sobe a um escadote, solta por cima da cabeça dos participantes um tufo de pêlo de coelho que os mesmos irão soprar intercaladamente um para o outro, sem que possam deixar o referido objecto em questão, chegar ao solo. Esta actividade tem tendência a durar mais ou menos tempo, consoante a variação e força do vento.

 

"Identificação Simplesmente Pelo Grito de Pseudo-Individualidades, Após Administração de Ferro de Queimar Leite-Creme em Brasa"

Admito, é uma das minhas actividades preferidas.

Logo de início, todas as pessoas presentes no recinto são informadas previamente para não estranharem a presença de alguém vendado com um ferro de queimar leite-creme em riste vaguear, tacteando o caminho pela frente e uma outra encontrar-se atada, vendada e abraçada a um poste. Após os olhos devidamente vendados, o practicante terá de descobrir quais são as pseudo-individualidades, recorrendo somente à sua capacidade auditiva e ao seu poder de associação. O bonito e mesmo poético desta actividade, é a pseudo-individualidade estar também de olhos vendados para afastar o compreensível pânico e o consequente grito desnecessário, que poderá possibilitar a orientação precoce do detentor de ferro em brasa.

 

O bilhete do recinto é uma pechincha, se comparado com o divertimento proporcionado. Vale a pena, acreditem...

escrito por centrodasmarradas às 20:06 linque da crónica
25 de Fevereiro de 2010

...quem desdenha, quer contar...

 

Eu ainda sou do tempo em que o telejornal, era quase totalmente preenchido com notícias sobre a gripe A ou indirectamente relacionadas com ela.

Não pude deixar de reparar q paulatinamente, foram escasseando a olhos vistos ou reduzidas a uma nota de roda-pé de oito em oito dias. Como defendo os oprimidos e sou totalmente contra esta discriminação, reuni esforços para encontrar o paradeiro deste injustiçado, cuja força de marketing é mais poderosa que a do próprio vírus.

Consegui finalmente identificá-lo, disfarçado de símbolo químico numa tabela periódica. Há que dar crédito à criatividade do H1N1, mas o que levará um vírus a permanecer no mundo da fantasia quando o carnaval já findou!?

- Senhor H1N1, se se sentir mais à vontade, pode descer da tabela.

- Eu aqui estou confortável, deixe estar.

- Como queira. O que lhe apraz comentar em relação à evidência de todo o espectáculo de luz e cor criado à sua volta, estar a ser cada vez menos noticiado?

- Tinham-me alertado para o facto de isto vir eventualmente, a acontecer um dia. Nada é eterno, sabe? Se reparar, muitos outros grandes talentos desta praça foram caindo no esquecimento. Note em casos como a varicela, a gripe espanhola, tudo exemplos de uma fantástica performance, mas agora símbolos do passado.

- Mas se comparar, a sua ascensão foi meteórica, contudo de breve duração...

- Absolutamente. O mundo do espectáculo de hoje em dia absorve muito do nosso tempo, requer uma predisposição de 24/dia, resultados imediatos e não dá margem de erro para o fracasso.

- Está com isso a reconhecer o fracasso?

- Fracasso talvez seja uma palavra muito dura. A solicitação da minha presença em quase todos os recantos do planeta, por vezes quase em simultâneo, roçava o ridículo.

- Toda essa digressão mundial esgotou-o?

- Esgotou-me!? Isso é dizer pouco! Eu não sou omnipresente, co'a breca!

- Foi por isso que se refugiou no anonimato?

- Foi por isso, pela contrafacção do meu material e pela sua administração em polvos...essa foi a gota de água que fez transbordar o copo.

- Não quererá antes dizer administração em gatos?

- Não, refiro-me mesmo a polvos.

- Está a dizer-me então, que todo o mistério à volta dos polvos que deram à costa, se deve à contrafacção de H1N1!?

- Não me surge outra explicação senão essa.

- Elabore a sua ideia.

- Ora as praias são usadas muitas vezes para cargas e descargas de contrabando, grande percentagem é material contrafeito onde os vírus não são excepção e também se incluem. Não me admira nada que numa destas descargas, esses exímios na arte da camuflagem, tenham sido utilizados como "mulas" e que os invólucros dentro deles tenham rebentado assim que se preparavam para invadir a costa, deslocando-se lentamente de bruços pela areia.

- Mas isso é um disparate!

- Acha!? E um porco constipar um ser humano já não é!?...

escrito por centrodasmarradas às 15:35 linque da crónica
25 de Fevereiro de 2010

...todos os caminhos vão estar em Roma...

 

O que é o sexo? O que é o amor? O que são lantejoulas?

Achei por bem começar com umas perguntas curtas porque se repararem, a nossa vida, a nossa existência principia com uma questão:

"estarei grávida!?".

A partir daí, aumenta a nossa esperança de vida e diminui a dos nossos progenitores. Depois deste momento forte de carácter nostálgico, prossigamos.

 

Estou neste preciso momento, no meio do centro nevrálgico de preparação da mais ambiciosa prestação de serviços, que irá decorrer na cimeira do ambiente que se avizinha. São ao todo trinta prostitutas, que irão realizar a tarefa megalómana de satisfazer todos os representantes deste encontro.

- Comigo tenho a audaciosa arquitecta desta ideia, a mexicana Consuelo de Dios. Agradeço-lhe a disponibilidade visto a azáfama que por aqui reina. Começava por lhe perguntar onde teve início esta cruzada que se adivinha difícil?

- Olá rico, esta aventura começou em Copenhaga na Dinamarca onde estive em estágio para...aprofundar conhecimentos profissionais, digamos. Lá fora, as minhas colegas ofereciam iniciações, aulas de reconhecimento, formações, especializações, enfim, um sem número de oportunidades para os representantes da cimeira. Já ía eu no quinto cliente do período da manhã quando, ao ver aquilo que se passava e sabendo que no meu país ía haver também um encontro desta envergadura, surgiu-me esta ideia visionária e pensei em fazer disto um franchising!

- Fico sem perceber se o franchising de que fala, é relativo à prostituição legal ou não...

- O menino tem bom aspecto, é tenrinho, mas peca no que toca à esperteza. A prostituição já existe por todo o lado. Vamos lá a ver, a prostituta é um pouco como uma muleta. Se não, repare. Todos já viram uma, alguns houve até que já experimentaram dar uma volta, outros há que valem-se dos seus serviços e quando tudo já está bem e sem mazelas, largam-na.

- Quais os principais objectivos desta grande operação de charme?

- Bom, o principal e maior objectivo desta prestação de serviços, era trazer a Esperanza a esta cimeira.

- E então?

- A Esperanza não vai estar.

- Está-me a querer dizer que não vai haver Esperanza nesta cimeira!?

- Infelizmente, é exactamente o que lhe estou a dizer. A Esperanza não estará presente nesta cimeira.

- Mas como!? Soube de alguma reivindicação ou recuo nas negociações de algum país? Não me diga que a China abandonou o processo!?

- Não, querido! Respire pausadamente...relaxe. A Esperanza, esse mito vivo da prostituição à borla, tem 95 anos e o estado de saúde que apresenta, já não lhe permite fazer grandes distâncias. Sabe que de Cartagena para o México, ainda é um salto de canguru dos bons.

- O que será do mundo sem Esperanza, não é?

- Se já para a cimeira não há, acho que para o mundo ainda vai ser mais difícil...

escrito por centrodasmarradas às 00:32 linque da crónica
23 de Fevereiro de 2010

...quem parte e reparte, fica sempre com a melhor tarte...

 

Falta menos de um mês para esta estação tinhosa e inoportuna fazer as malas.

Mas o que fará o Inverno nos meses em que fica fora deste trabalho precário que mais ninguém quer ter!?

Como aguentará esta estação sem importunar a vida dos portugueses!?

Devo preocupar-me se vir um bando de pombos sobrevoar a minha cabeça!?

 

- Senhor Inverno, muito gosto em conhecê-lo e agradeço a sua presença neste primeiro "RESPONDA RÁPIDO MESMO SEM SABER (nós cá estamos para avaliar a sua resposta)", embora tendo consciência que a sua agenda é muito preenchida.

- Eu é que agradeço e devo dizer que sou um grande admirador do seu trabalho.

- Obrigado. Diga-me, não se importa que o trate por tinhoso?

- Ora essa, de todo! Já estou habituado. Esse vocábulo já me surge como um elogio! Se formos a ver bem, é sinal que ando a prestar um excelente serviço, não acha?

- Vendo por esse lado, faz sentido. Lembre-se, cinco respostas certas ou acertadas dadas no menor tempo possível, o prémio é surpresa.

Posso também tratá-lo por fungoso? Dar-me-ia um prazer imenso.

- À vontade.

- Começarei então por tinhoso, se não se importar.

- De modo algum.

- Preparado, tinhoso?

- Prossiga.

- Então cá vai alho! Tempo, por favor! Fungoso, como ocupa o tempo uma preguiça de três dedos?

- A repetir vezes sem conta à preguiça de quatro dedos que consegue limpar as unhas mais rápido que ela!

- Resposta certa! Qual a melhor forma de cozinhar uma alheira sem tirar a pele e sem que ela estoire?

- Levá-la ao forno previamente aquecido a 150ºC, durante quinze minutos e envolvida em folha de alumínio!

- Resposta acertada! Porque razão têm as ambulâncias a palavra "ambulância" escrita ao contrário?

- Porque de outra maneira, quando se vissem ao espelho, elas não compreenderiam a palavra e ficariam confusas!

- Resposta acertada! Se eu tivesse duas barras de chocolate e um grupo de quatro crianças, com quanto chocolate ficaria eu?

- O chocolate é de cacau ou soja?

- De soja...

- Ficaria com as duas barras intocadas!

- Resposta certa! E agora, a última pergunta para o pleno de respostas correctas. O frio é ou não psicológico?

- Depende do grau de demência de cada um!

- E é a resposta certa e o pleno! Vamos então aguardar pela aprovação do júri e a revelação do tempo.

- Estou tão nervoso que pareço uma colegial de míni saia a lavar um pónei pela primeira vez!

- Muito engraçado. Ora o júri já revelou o resultado. Tenho a informar que o tinhoso efectivamente fez o tempo recorde de dois minutos e quarenta e dois segundos e, com esta proeza conseguiu colocar em 2º lugar o seu irmão siamês Outono!

- Modéstia à parte, estou deveras agradado com a minha prestação.

- Mas não é tudo, tinhoso! Falta a prenda mistério! Uma fantástica estadia num local à sua escolha, com duração de uma estação do ano também à sua escolha, tudo pago pelo "RESPONDA RÁPIDO MESMO SEM SABER (nós cá estamos para avaliar a sua resposta)"!

- Bom, dediquei muito tempo a tentar escolher cuidadosamente qual o local e a estação do ano e por fim, após demorada meditação, decidi-me. Quero viver na Estufa Fria durante toda a estação do Inverno!...

escrito por centrodasmarradas às 00:37 linque da crónica
22 de Fevereiro de 2010

...gato escondido com o rato de fora...

 

Falando em momentos de descontracção, sabem aquela sensação estranha no estômago que não se sabe se é vontade de fazer uma necessidade de carácter sólido ou se é fome?

Dentro da área habitacional e pondo de parte as lógicas actividades que por lá se executam, eu tenho a casa de banho como uma das melhores referências locais para meditar, estar literalmente sozinho ou, pura e simplesmente, estar alheio a tudo e não pensar em nada.

Apesar da minha ser antiga e ao fundo do quintal, a casa de banho é de facto, como solo sagrado. É o nosso espaço zen que foi conquistado por nós, para podermos logo de seguida usufruir dele após a conquista. Por isso, estando embrenhado no vazio da minha cabeça, a concentração torna-se bastante difícil quando tenho de suportar o bater na porta (quando batem!), comentários subjacentes ao tema como "Que pivete! Estás na latrina ou houve um suicídio colectivo de gatos no quintal?", "Tu não precisas de comer mais vegetais, tu precisas é de um exorcista!", ou ainda o "anda lá com isso que o carro da Câmara quer limpar a fossa ainda hoje!".

A melhor maneira de sentir paz e tranquilidade interior numa latrina, é aproveitar uma altura em que mais ninguém está em casa. Aí, tendo como única companhia os meus pensamentos, posso desfrutar da frieza da tampa da sanita e fazer força! Limpar os recantos do meu ser!

É ali naquele bunker, que exorcizo o meu interior! É onde, que em precoce adolescência, as hormonas acicataram-me a dar largas a ideias pecaminosas! É ali que expulso toda a porcaria que me vai na alma, ao mesmo tempo que mentalmente vejo o frontispício de conhecidas azémolas de boca aberta, espelhadas na água circundada pela louça de cor nívea!

Como estaria eu se não houvesse uma casa de banho para me dar orientação ao longo de todos estes anos da minha vida!? A imagem mais provável que posso fornecer, é estar num canto de uma divisão vazia e sombria, aninhado, balouçante, a olhar autisticamente para os pés.

A casa de banho é isto e muito mais. Ela presencia o nosso crescimento, o nosso íntimo e não reclama, não desdenha, não critica. Ela consente, compreende e alivia...é como uma ama ou uma segunda mãe...

 

Nota: nesta crónica dedicada a este altar à meditação, não estão englobadas as casas de banho públicas...(exceptuando as antigas idênticas à minha, feita com tábuas de madeira de pinho)...

escrito por centrodasmarradas às 10:17 linque da crónica
19 de Fevereiro de 2010

...quem muito escolhe, pouco aperta...

 

Num dos raros dias em que consigo a proeza de espirrar dez vezes seguidas, não há ninguém para aplaudir de pé!?

Meus fiéis, é chegada a altura de um passo tão aguardado ser finalmente tomado!

Vou aproveitar este recanto onde me encontro enclausurado, gentilmente cedido pelos meus raptores (um grupo de cidadãos extremamente capaz e bastante sério), para encarar a Morte e discutir com ela de forma instrutiva, o seu poder de dedução sobre questões que realmente importam ao comum dos mortais.

- Devo confessar Sra. Morte, que me sinto pouco à vontade com a sua presença.

- Antes de mais, trate-me por menina Morte. Apesar de todos me conhecerem ou já terem ouvido falar de mim, nunca casei ou estive comprometida.

- Não me digam que faltaram ou faltam pretendentes na sua vasta existência?

- Não é fácil. Sabe que neste ofício, acabamos por nos casar com o trabalho. Levamos uma vida onde temos isenção de horário, lidamos com pessoas frias a qualquer hora do dia ou da noite, por vezes levamos o trabalho para casa porque temos de estar de sobreaviso por causa de um ou outro que ficou em estado de coma ou apresenta um diagnóstico reservado, enfim, uma maçada...

- Realmente não deve ser fácil. Mas vamos ao que me trouxe aqui. Está preparada para o questionário?

- Devo somente relembrar todos de que sou a principal beneficiária seja a curto, seja a longo prazo, logo e por si só, serei suspeita quanto ás respostas que darei.

- Muito bem. Diga-me, para curar a gripe, se tivesse de escolher entre um antigripal e um quilo de tangerinas, qual escolheria?

- Ora aí está uma pergunta pertinente. O clássico dilema entre o método natural e o método químico para alcançar o términos de uma maleita. Eu sugiro o método natural.

- Compreendo. Segunda questão. Está a bordo de um iate cheio de convivas em celebração. O iate está prestes a afundar-se e o mar está infestado de tubarões. Aguarda por ajuda ou arrisca ir a nado até à margem?

- Bom, esta é mais complicada, contudo perfeitamente acessível a mim. Incitava os demais ao pânico e desespero, gritando que a ajuda não chegaria a tempo e que a margem estava ao alcance de todos. Penso que isso dar-me-ia algum tempo até os tubarões estarem saciados.

- Resposta arrojada. Para acabar, algo mais rebuscado. Que devo comer depois de uma dose de amanita muscaria?

- Absolutamente nada. Os amanita muscaria são bastante calóricos e uma dose é o suficiente para uma pessoa se sentir com o estômago confortável.

- Menina Morte, foi um prazer sem precedentes. Agradeço-lhe a disponibilidade.

- Ora essa, eu é que agradeço. Qualquer publicidade é boa publicidade.

- Já agora, troco o meu grupo de cidadãos extremamente capaz e bastante sério pela chave de liberdade deste recanto.

- Com essa fez-me lembrar o ex-comandante do Barco de Portugal. Abandonou o Barco por assim dizer, sobre o pretexto de ser vice-presidente de um Barco maior.

- E teme que seja areia a mais para ele!?

- O meu medo é que o Barco não tenha água a mais e ele não se dê num ambiente tão seco...

escrito por centrodasmarradas às 01:14 linque da crónica
17 de Fevereiro de 2010

...quem vai ao lar, perde o lugar...

 

Se me perguntarem qual é a média de pétalas de malmequeres que são desfolhados pelas virgens de todo o mundo, não saberei responder...pelo menos, com a exactidão que é requerida. Contudo, se me perguntarem de entre o consumismo desenfreado do Natal e o Carnaval qual é que faz a plebe portuguesa esquecer a crise e a desgraça, terei de concordar que o Carnaval faz isso e muito mais.

Se há algum exemplo cabal que melhor defina a palavra "surreal", esse é ridicularizado pelo nosso Carnaval.

 

A minha maneira de fazer excelente unilateral pseudo-jornalismo, leva-me a não olhar a meios e a despesas. Desloquei-me ao Pólo Norte onde reside a única morsa vendedora itinerante de gelados e de peúgos artesanais.

- Dona Morsa, antes de mais permita-me agradecer-lhe e manifestar o privilégio que sinto ao entrevistar o meu primeiro ser não-humano.

- E sente-se confortável e mentalmente bem com isso? Com o facto de um humano entrevistar um animal?

- Era um marco importante que queria há muito alcançar...

- Desde que a sua sanidade mental continue a ser a mesma após esta entrevista e os seus mais próximos continuem a levá-lo como uma pessoa séria, por mim tudo bem. Quer um geladinho?

- Agradeço, mas não.

- De certeza!? É por conta da casa! Este é de arenque com aloe vera.

- Fica para depois. Dona Morsa...

- Trate-me por Tatão.

- Tatão!?

- E porque não Tatão!? Quer dizer, um hipopótamo fêmea pode ter um nome erótico-lascivo e uma morsa não pode sonhar pelo menos com um nome artístico!?

- Bem visto...Tatão, porquê uma venda itinerante de gelados em pleno Pólo Norte?

- O meu sócio, um imponente urso polar, disse-me que faria tanto sentido vender gelados no Pólo Norte, como haver um dia em Portugal desfiles de moçoilas a dançar samba em pleno Inverno e com temperaturas entre os 9ºC e os 11ºC.

- Como se sentiu com esse comentário?

- Senti que um dia os meses de calor haveriam de me dar razão. Era uma questão de tempo.

- Foi então que o negócio prosperou?

- Não. O negócio só prosperou de forma lucrativa, a partir do dia em que não houve acordo vinculativo na última cimeira do ambiente...como era de se esperar, aliás.

- Não teme que haja um novo abalo na próxima cimeira a realizar no México?

- Não. Não porque vou também estar presente com uma barraquinha. Consiste na venda de mini-icebergs ás pessoas que pretendam ver in loco o derretimento de um destes gigantescos blocos de gelo flutuante mas que, felizmente para mim, não têm poder económico para uma incursão ás calotas polares. No entanto, enquanto derrete e não derrete, compram gelados. Engenhoso, não acha?

- Maquiavélico, direi mesmo...

- E agora, vai um geladinho ou não?

- Tem alguma variedade para além do arenque com aloe vera?

- Tenho de arenque com corantes, arenque sem corantes, arenque com raspas de dente de narval, arenque em gelo, gelo em arenque e shish kabab de arenque.

- Tem arenque fumado?

- Não. Isso engloba fazer uma fogueira e é mau para o negócio...

escrito por centrodasmarradas às 21:08 linque da crónica
13 de Fevereiro de 2010

...quem fala assim, não é gado...

 

E que dia é hoje? É dia de pluviosidade desmedida! Aquele dia cujo  sinónimo culmina numa palavra acabada em cocó!

Eu aposto dois talos de couve serrana em como daqui a dois dias, sensivelmente pelas 4 horas da manhã, vai estar um tempo como já não se via desde 25 de Dezembro de 2 a. C. que curiosamente, foi uma época em que o Natal tinha pouquíssima adesão devido a não haver ainda música natalícia nos centros comerciais da altura.

 

Se tem um cargo de destaque razoável e aufere menos de 17.000€ mensais, então o que se pode ler a seguir é para si.

O meio do mês é uma altura especial que deveria ser tida em conta. É uma altura crítica para o demais proletariado, para aqueles que pouco ganham se confinados a uma só actividade profissional, aqueles que quando suspensos ficam sujeitos a um parco rendimento mensal de 30.000€, aqueles que abandonam cargos nacionais para assumirem cargos de maior relevo europeu ou mesmo mundial, etc.

O meio do mês é aquela altura em que se tem de fazer um balanço do que já se gastou nos dias que já passaram e do que ainda se tem para gastar nos dias que faltam. Ora é do conhecimento geral que, qualquer colaborador de empresa que usufrua do miserável rendimento mensal de 17.000€, vai ter que lutar continuamente contra o despesismo supérfluo até ao fim do mês. Quero com isto dizer que é do dia 15 até ao dia 30/31 de cada mês, que o combustível passa a ser racionado, o fim de dia pós-laboral com os amigos a beber mine com tremoço, os eventos em que se tem de pagar entrada como é exemplo os recintos de baile onde se dança a moda da rosa.

Em suma, não há qualquer dúvida que um cargo de destaque razoável encerra em si um campo minado.

 

Agora se inclinarem a cabeça a 10 graus, taparem alternadamente o olho esquerdo com o olho direito e colocarem a perna esquerda sobre a cabeça, verão que têm acesso a uma perspectiva completamente diferente do texto.

 

Por esta hora já devia estar a comer um quilo de lasagna e ainda estou aqui à espera que a vitela cresça.

Enquanto isso, inspirado pelos proprietários de algumas viaturas automóveis, decidi ir para a rua exibir uma placa ao pescoço com a frase "procuro novo emprego".

Até lá e para se distraírem, recomendo um banho de água de rio ás duas da manhã. Podem convidar outras pessoas, ou mesmo incentivá-las a juntarem-se à celebração, começando por atirá-las ao rio.

escrito por centrodasmarradas às 14:50 linque da crónica
10 de Fevereiro de 2010

...quem não quer ser bolo, não lhe veste a pele...

 

Quantas coisas não serão alvo de desaparecimento durante o dia-a-dia ou durante a noite-a-noite?

Além do Luís de Matos, quem mais consegue fazer desaparecer coisas sem deixar qualquer rasto perceptível?

Quando peço um bilhete de cinema e perguntam-me "é normal?", estarão a referir-se ao bilhete, ou será uma indirecta dirigida a mim?...

 

Tudo nesta vida tem um princípio e um fim.

Tudo!...incluindo alguma corrupção...

As várias autoridades prestam ao país e aos cidadãos nele residentes, um controle ambicioso e digno na tarefa hercúlea de impedir desaparecimentos por "dá cá aquela palha".

Ao encontro deste tópico, está a decorrer o concurso "TENTE FAZER O LEVANTAMENTO DE UM CHEQUE DE 25 MILHÕES DE EUROS SEM DAR NAS VISTAS E A SEGUIR, DESAPARECER SEM DEIXAR RASTO".

Neste original concurso de entretenimento tão sigiloso como o segredo de justiça, resta a categoria vale tudo depois do último concorrente da Universidade (sr. Amadeu Carvalho), ter escolhido a categoria métodos legais e desta forma, não ter conseguido levar o objectivo do concurso a bom porto.

- Sr. Amadeu, o que é que para si correu mal?

- Sinceramente, o que correu mal foi sem dúvida ter subestimado a boa forma que a autoridade apresentou na última etapa, o "encontro furtivo final".

- Pode explicar a táctica que utilizou na categoria métodos legais?

- Bom, a categoria métodos legais requer do candidato destreza mas também imperceptibilidade da sua parte na sua prova. O candidato tem de usar de todos os truques possíveis, mas sem levantar suspeitas à via legal porque se não, cai tudo por terra.

- Foi exactamente o que se passou?

- Exactamente.

- E como tentou ganhar este concurso?

- O objectivo são os 25 milhões de euros. Pelo método legal decidi-me pelo cheque que é do mais discreto possível, portátil e não faz chumaço como um maço de notas.

- Mesmo assim levantou suspeitas, claro...

- Foi realmente a única coisa que levantei! O dinheiro ficou todo lá!

- O que é que mais o frustra neste preciso momento?

- Olhe, para além de ter sido apanhado, frustra-me o facto de não ter conseguido pontuação suficiente sequer, de maneira a ficar suspenso por tempo indeterminado, a ganhar a módica quantia de 30 mil euros o que, por si só e entre os amigos do mesmo nível, é bastante constrangedor...

 

Dentro de momentos, a entrega dos prémios ás três melhores redacções subordinadas ao tema "O QUE TE FAZ HUMIDIFICAR DESMESURADAMENTE AS AXILAS E O QUE É QUE EU TENHO A VER COM ISSO".

escrito por centrodasmarradas às 12:06 linque da crónica
05 de Fevereiro de 2010

...não é por aí que o gato vai aos filhotes...

 

Hoje quando me levantei e vi a luz do dia pelos buracos no latão corroído do meu bidon, pareceu-me ver a imagem de um canguru a andar de cilindro compressor, mas como é do conhecimento geral, os cangurus só estão habilitados a conduzir veículos sem motor auxiliar, portanto deduzo uma de duas coisas. Ou exagerei na inalação de água do mar, ou a última chávena de chá que bebi estava marada...

Espreguicei-me, sentei-me antes de iniciar a minha rotina diária e reparei que o reumático já não deixa subir a perna como era usual, para que o dedo grande do pé possa limpar convenientemente o orifício auricular na sua plenitude.

Enquanto caminhava espirrando pelo campo e pisava um ou outro ninho de vespas-da-terra, surgiu-me um episódio que uma vez aconteceu e que passo a dar-vos conhecimento.

Um amigo meu pediu-me para dar um abraço a um amigo em comum. Eu assim fiz e esse amigo em comum retribuiu o abraço, pedindo que o entregasse ao primeiro. Este, por sua vez, perguntou-me se eu iria estar com ele brevemente (ao que dei uma resposta afirmativa), "então dá-lhe outro!" disse ele. Assim andei eu a fazer serviço de entrega de abraços durante uma semana.

Deve ter sido graças a uma situação idêntica, que o Graham Bell decidiu inventar o telefone...

 

Nesta noite em que os meteorologistas possivelmente se debruçam confusos em cálculos e imagens de satélite para perceber que raio de tempo hão-de apresentar amanhã aos cidadãos, resolvi sair à rua e premir os botões dos semáforos para a passagem de peões, sem o intuito de sequer atravessar a passadeira. Durante os 60 minutos que ali estive, os automobilistas não acertaram uma única vez no meu nome...houve um que saiu do automóvel a vociferar cacofonias diversas de modo a arranjar um possível confronto físico, mas entretanto o sinal mudou para verde e ele teve de seguir.

Já agora, uma questão que roça a mania paranóica da perseguição. Existe mesmo muita gente a conduzir a 50km/h dentro das localidades, ou esperam para sair todas ao mesmo tempo quando já estou atrasado devido a remoção e limpeza de derrocadas na estrada!?...

 

Daqui a nada, mais nano-segundo, menos triciclo, irei passar dia-positivos referente ao dia de trabalho de um Castor residente na América do Norte, mais propriamente junto à fronteira com o Canadá.

escrito por centrodasmarradas às 21:17 linque da crónica
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