30 de Março de 2010

...lembra-te sogra, que já foste à nora...

 

O que é afinal um sismo?

Poderá colocar-se a moda dos sismos ao mesmo nível que a moda da Gripe A, ou dos vampiros?

Será sensato um edifício de bolsa de valores que se mantenha de pé após um sismo, adoptar o lema "abanou, mas não caiu"?

Para primeiro encontro com uma rapariga e se ela tiver as pernas tortas, será correcto perguntar "estiveste ultimamente de férias no Chile ou no Haiti?"?...

 

Bem vindos ao certame NUNCA SENTI UM ABALO SÍSMICO, MAS PELO SIM, PELO NÃO, VOU PARA O MEIO DE UM CAMPO DE FUTEBOL.

Tenho comigo mais uma vez para responder a estas e outras perguntas como "quantas colheres de sopa de arroz devo colocar num litro de água?", quem mais senão Laurêncio d'Arrábida, auto-proclamado único terrorista português e residente na Serra que deu nome ao...ao seu nome...

- Laurêncio d'Arrábida, muito...

- Muito obrigado pela oportunidade que me deu e é uma honra, etc, etc. Eu sei como é o início. Diga lá ao que vem.

- Gostaria de saber o que é para si um sismo.

- Bom, dizem os meus anos de experiência que um cismo é algo que nos deixa apreensivos. Algo que desafia a lógica e despoleta de tal forma no nosso pensamento uma razão, para suspeitar que algo está estranhamente desalinhado, percebe?

- Eu referia-me a sismo, como em tremor de terra, terramoto...

- Eu sei, estava só a meter-me consigo, homem! Tem de admitir que até a associação de palavras foi engraçada.

- Hilariante...

- Um sismo é algo bastante atribulado e marcante. Ainda me lembro do meu primeiro.

- Já passou por um sismo!?

- É verdade.

- Mas feriu-se?

- Não muito. Digamos que foi mais um sismo artificial e não conforme a definição o descreve.

- Como assim!?

- Eu estava nas traseiras da minha residência rural serrana, a experimentar variados componentes químicos para tornar um licor de tâmaras da minha criação ainda mais potente, para dar-lhe corpo como decerto compreenderá. No momento que lhe estou a juntar uma remessa de álcool etílico a 90º que já lá tinha há algum tempo e que já estava quase fora de validade, a minha esposa chamou-me para ir buscar o bebé que já andava a brincar na rua. Quando voltei de dar duas palmadas bem aviadas no rabo do catraio e regressei ás traseiras, não tardou muito para começar a ouvir o borbulhar que vinha da cuba de fermentação. Ora quando acendi o fósforo para ver o que era, é que me apercebi da barbaridade que tinha acabado de fazer.

-E então?

- E então o quê!?

- O que é que aconteceu? O que é que viu?

- Vi a explosão a acontecer, foi o que vi! Quem me manda a mim, acender o fósforo junto à cuba onde tinha acabado de juntar álcool?

- Laurêncio, quando é que chegamos à parte do sismo?

- Atenção. Sismo artificial. É diferente. Mas que abanou as paredes da gruta de tal maneira, que me fez lembrar o tempo que passei em formação nas montanhas do Afeganistão, lá isso fez! Olhe, o pequeno só batia palmas e sorria, a minha patroa olhava para mim com cara de cliente do BPN que está a ver à sua frente o Oliveira e Costa, todo eu parecia uma tâmara negra...

- Pois, calculo...

escrito por centrodasmarradas às 00:57 linque da crónica
29 de Março de 2010

...quanto mais alto, maior é aquela...

 

Bem vindos a mais uma estóica "Prova de Águas de Torneira" que se realiza em Vila d'Águas desde a sua criação e já pelo sétimo ano consecutivo. É um evento bastante popular, querido pelos seus aficionados e que todos os anos termina com um banho de água mineral sobre os participantes. Nesta fase em que os concorrentes aproveitam um curto intervalo para beber uma água das pedras, de forma a combater a azia provocada pelos líquidos sujeitos a degustação, vou eu também fazer uma pausa e aproveitar para ver se há algo mais interessante a fazer noutro lugar que não aqui.

A água tem diversas propriedades curativas. Uma delas é matar a sede. Quando a temperatura exterior sobe para uns insuportáveis 32º, há muitos que recorrem à água para hidratar o organismo e dão graças por ela existir, mesmo que seja consumida directamente de um bebedouro de pombos. Alguns destes, são os mesmos que no Inverno chegam a pisar as poças de água de tanta frustração, por esta haver em excessiva e irritante abundância.

Se repararem, já na barriga da nossa mãe (e aqui cada um pensa na sua, quem não tiver, imagina uma senhora com idade na casa dos 35-45 anos, avental, sabão Clarim numa mão e uma peça de roupa molhada na outra), mesmo nessa altura, já estávamos rodeados pelo saco amniótico que é constituído por água e algumas substâncias que contribuem para o nosso crescimento. Mesmo assim, mesmo com o saco a dar-nos nutrientes, não deixamos de notar que estamos rodeados de água e de constantemente estar a pensar, em que momento é que aquilo irá rebentar na nossa cara.

Maçador é quando a época das chuvas dura mais que o previsto. A própria meteorologia para a agricultura tornou-se enfadonha, sem graça. Eu ainda sou do tempo em que davam o prognóstico para o resto da semana! Havia sempre novidades a cada dia! Ele era a subida da temperatura mínima no Baixo Alentejo (muito boa para o cultivo de girassol), o sotavento algarvio que tinha ondas que iam dos 2 a 3 metros de altura, a Expo 98 que metia cada vez mais água no orçamento. Enfim, bons tempos...

Embora remota, eu não me excluo de maneira alguma, da hipótese de um dia destes ouvir alguém mencionar a expressão "estás a meter tanta água que já me chega aos joelhos" e isso fazer mais sentido que nunca, sem ser preciso recorrer sequer, aos serviços lamechas de um programa de televisão.

Deixo-vos com um lindo vídeo de imagens ternurentas, como pardais a molhar as penas uns dos outros (especial atenção para a parte em câmara lenta), um cisne negro de pose graciosa num lago da Estufa Fria, ou ainda, um gatinho persa fofo a dormitar encostado a um rotweiler. De referir que os separadores dos vários blocos de imagens, são feitos com os melhores "choradinhos" televisivos do Pedro Granger, incluindo o momento da derrota de Pedro S. Lopes nas Legislativas de 2005.

 

Pensamento do dia:

Se São Pedro precisasse realmente de água, acham que mandava tanta cá para baixo!?...

escrito por centrodasmarradas às 12:43 linque da crónica
25 de Março de 2010

...quem tudo quer, tudo verte...

 

Fiéis ávidos de conhecimento! Finalmente é oficial! Dêem as mãos em celebração! Quero ver uma lágrima!

Segundo o pouco noticiado pela TVI por razões óbvias, estamos já na estação do amor, do desabrochar, da alegria da borboleta que pulula de flor em flor!

Hoje vou fazer um directo do campo em flor, sem me importar com as alergias, a irritação dos olhos, ou com a dezena de espirros seguidos. O campo é agradável e quem diz o contrário, é porque esbarrou contra um cortiço de abelhas, foi picado vezes sem conta e sem dó nem piedade, ou então não sabe que é no campo que se pode encontrar a cura natural para uma tez pálida.

O fenómeno Primavera meus fiéis, surgiu quando alguém atento reparou que algo peculiar se passava entre o Inverno e o Verão e havia que dar uma designação ao fenómeno. Afinal, como ocultar o desabrochar de milhentas plantas e árvores!? E a ejaculação de pólen por parte de milhentas plantas e árvores!?

E foi aí, quando escorreguei no polibain e segurei-me ao cortinado que tudo fez sentido, tal foi a visão que tive. A Primavera só pode ter nascido em ambiente campestre.

Mas como explicar os frutos que aparecem exactamente após o momento em que as flores desaparecem!? Obra do acaso? Mistério!? Furto!?...

Para explicar em pleno este fenómeno ou dar lugar a mais um chorrilho de disparates sem precedentes, tenho comigo a Dna. Mercelina Adelina, tremoceira por ocupação e figurante de programas televisivos matinais nos tempos livres.

- Obrigado por aparecer, apesar do convite em tão curto espaço de tempo.

- Despache mas é lá isso para eu ir pôr os tremoços de molho no ribeiro, homem!

- Assim seja. Qual a sua opinião sobre o fenómeno Primavera?

- Eu trouxe aqui uma redacção que fiz ontem à noite, enquanto fervia água. Como a minha memória já me vai falhando e o nervoso miudinho podia trair-me à última hora, resolvi anotar tudo nesta embalagem de papel de um quilograma de açúcar.

E reza então o seguinte:

"Eu tenho para mim que o fenómeno Primavera, é um efeito climatérico que acontece uma vez por ano e só desaparece porque o tempo aquece e a humidade diminui. O fenómeno Primavera é uma pouca vergonha de plantas e árvores a fazerem o sexo badalhoco entre elas, à vista desarmada e durante vários dias sem paragem, porque depois disso têm que aguentar três estações sem o fazer. Se o fenómeno Primavera não existisse, escusava muita gente de andar a correr para as farmácias para curar picadas de bichos, vermelhões devido aos pólens e comichão que só traz benefícios a estes que vendem pomadas e comprimidos. Além disso, todos os anos em que se dá o fenómeno Primavera, andam-me os animais da quinta que parecem tolinhos agarrados uns aos outros, ou até agarrados ás pernas do meu mais novo. Se há coisa boa digna de apontamento que o fenómeno da Primavera tem, é o facto de dar cabo da geada."

- Nem sei que lhe diga depois dessa redacção que leu...

- Está bem feita, não está?

Enquanto a Dna. Mercelina Adelina pensa numa redacção de 700 palavras, subordinada ao tema "porque razão não se deve usar na cabeça um cortiço com uma colmeia no interior, sem a devida protecção", vou deixar-vos com um magnífico "Até Arrepia!".

Fechem essas pálpebras e imaginem o Quim Barreiros. Agora o Mário Nogueira da FENPROF. Arrepia, não é?

Basta colocar um acordeão e um chapéu de vaqueiro no Mário e já temos substituto para quando o Quim se sentir indisposto!...

escrito por centrodasmarradas às 15:14 linque da crónica
24 de Março de 2010

...quem peixe procura, peixe encontra...

 

Respeitáveis concidadãos ganhadores de prémios anuais que podem ir até seis vezes o valor do salário mensal, veneráveis juízes que autorizam viagens para fora do país a suspeitos de abuso sexual, rolhas de diversos feitios.

É com enorme deleite e regozijo desmesurado, que trago hoje para mais um diálogo pouco ortodoxo no último ramo deste Pinus Pinaster, um membro de orientação espiritual que, para sua protecção, tratarei por "membro de orientação espiritual".

- Bem vindo ao ramo mais alto deste viçoso Pinus Pinaster, caro "membro de orientação espiritual". Sente-se confortável?

- Bem, é de facto um local invulgar para encetar uma conversação mas sim, apesar de ser alto, estou minimamente confortável.

- Peço desculpa, referia-me à sua actividade masoquista.

- Ah! Sinto-me muito bem e recomendo a todos o exercício masoquista. É muito bom para a pele, aumenta a circulação do sangue, a circulação do oxigénio e o esforço físico que é requerido tonifica todo o corpo, nomeadamente a região dorsal e os glúteos. Quer ver os meus glúteos?

- Dispenso. Quando é que ouviu o chamamento de Vosso Senhor?

- Senhora, quererá dizer. A senhora que me acolheu anteriormente, era generosa no que toca ao contacto físico. Apesar disso, o que me deixava profundamente desgostoso, era ela bater mais na filha do que em mim. Mas devo dizer em abono da verdade, que quando me calhava a mim, era porrada da melhor e bem aviada! A sério que dava gosto, caramba! Mal empregadas eram aquelas que caíam espalhadas no chão, lhe garanto! Depois fui posto na rua com um magnífico "biqueiro" e, desde aí, nunca mais soube do seu paradeiro.

- Adveio daí o seu gosto pelo masoquismo?

- Bom, aí houve o despertar da curiosidade, o estranhar mas entranhar. O apelo por si só, chegou na instituição que frequentei depois desse episódio e ainda hoje, sinto alguma nostalgia ao relembrar esses tempos.

- Sentia-se feliz? Era bem tratado?

- Muito feliz, muito bem tratado a toque de cana da Índia verde.

- Pois...passando para outro assunto pertinente. Acha que o Papa Bento XVI deveria pedir demissão por o seu irmão mais velho, Monsenhor Georg Ratzinger, ter vindo a público dizer e cito "não tinha consciência do alcance desses métodos brutais", referindo-se ás surras aplicadas nos meninos do Coro dos Pardais do Duomo, do qual foi director?

- Isso são impropérios lançados pela minha concorrência mais directa, para destabilizar e confundir quem não tem ainda opinião bem formada.

- Porque diz isso?

- Porque o meu método é infalível. A surra deve aplicar-se a quem quer levar e não a quem pode levá-la.

- Pode elaborar o seu raciocínio?

- Posso elaborar, sim senhor. Tenho aqui para isso, um excelente exemplo para uma breve demonstração. Este belo exemplar de um qualquer presidente de uma instituição pública que recebe um prémio anual seis vezes o seu salário, irá servir de cobaia humana. Nesta demonstração de uma série de técnicas, vou começar por mostrar a minha técnica infalível do "lenço de cinco pontas", administrado em cheio no frontispício.

- Agradeço-lhe a presença, "membro de orientação espiritual". Ao mesmo tempo que efectua a sua demonstração, vou apanhando um casulo de thaumetopoea pityocampa para queimar mais logo.

escrito por centrodasmarradas às 01:54 linque da crónica
23 de Março de 2010

...porco grande, porco de palha...

 

Há uns dias atrás, antes de sair para a rua disposto a ver mais uma situação vergonhosa no trânsito, qual não foi o meu espanto de deparar-me com uma notícia sobre uma das raras aparições em força por parte da A.S.A.E., nas ruas do nosso país. Um acontecimento de rara beleza que acontece sempre que o povo leigo acorda do seu sono comodista e repete três vezes na mesma semana a frase "nunca há um polícia quando ele é preciso". Aplaudi-os entusiasticamente e logo outros que, parando as suas viaturas em segurança, juntaram-se a mim numa memorável ovação aos agentes. Houve um brilho nos olhos ali, acolá uma lágrima, uma vénia por parte de um ou outro, mas nada de ridículo como é a imagem de uma multidão atacada pelo "síndrome Pedro Granger".

A chegada antecipada de cerca de cem elementos da claque Frente Atlético à entrada do piso subterrâneo do Estádio de Alvalade foi, por falta de melhor palavra, calorosa. Dois veículos pesados de passageiros abandonaram a "formatura" dos restantes e os elementos que neles viajavam, foram "aquecer" os adeptos da Juve Leo que estavam nesse local a ensaiar a coreografia para o jogo. Ora o sub-intendente Costa Ramos da autoridade destacado para prestar declarações, afirmou ser humanamente impossível seguir todos os autocarros com adeptos, se alguns destes se desviarem e escolherem outro percurso.

Mediante tal depoimento que me deixou com a mesma sensação de segurança que um balão tem quando vê as unhas de um gato e não há um catraio que o agarre, eu digo...já para não falar da Al-Qaeda, eu espero que a ETA não tenha ouvido estas declarações provenientes de alguém que é suposto pensar num "plano B", para evitar alguma eventualidade que possa surgir.

Eu já estou a ver desfilar por Portugal, umas três dezenas de veículos pesados de passageiros com terroristas, outros com traficantes/contrabandistas, uns com predadores sexuais/pedófilos/violadores e porque não dizer ainda, outros com directores gerais e presidentes de empresas públicas e bancos privados, enfim, todos estes autocarros a misturarem-se com veículos ligeiros de passageiros e a desaparecerem por entre eles, fundindo-se subtilmente e deixando a autoridade confusa, sem saber que atitude tomar.

Mas nem tudo são más notícias. Felizmente há casos no nosso país, que fazem acreditar que a reabilitação é um caminho viável e merece a sua continuidade. José Penedos foi afastado da REN devido ao processo "Face Oculta", mas agora vai regressar à EDP e à categoria de director-geral. É bom viver entre aqueles que acreditam no mote "fazer o bem sem olhar a quem". E pudessem todas as recolocações de desempregados serem assim tão rápidas...

 

Exercício meditativo para o dia de hoje:

Quais as probabilidades de um peixe-aranha assombrar uma pessoa que gosta de dar longos passeios à beira-mar?

escrito por centrodasmarradas às 14:36 linque da crónica
18 de Março de 2010

...não há tortura, que não dê em miséria...

 

Estimados fiéis, como é meu apanágio, primo por arte sacra de excelente requinte e invulgar. Estou ainda a suspirar com um fresco comovente que adquiri na feira.

Trata-se de uma obra de arte do período impressionista, onde o artista desconhecido retratou alguém semelhante à "Manu" Ferreira Leite vestida elegante e pesadamente de cardeal e, em segundo plano (surgindo detrás), aparece o que se assemelha a um Paulo Rangel vestido de frade com respectivo hábito preto. No céu sombrio por cima destes, aparecem imensos pequeninos querubins com a cara do putativo Paulo Rangel e aos pés destas duas principais figuras, um "piqueno" trovador com a cara do hipotético Paulo Rangel que canta algo para o cardeal. Na parte direita meio sumido, um outro Paulo Rangel vermelho de raiva e em monólogo, vocifera palavras de pseudo-superioridade para touros, onde estes reagem exibindo um ar jocoso e até delirante, a pontos de um deles estar prostrado com as patas anteriores na barriga, em jeito de não aguentar de tanto rir.

Segundo comunicado, este ser vivo (o Paulo, não o touro), não reconhece direitos aos seres vivos da fauna planetária. Fiquei indignado tal e qual um morcego fica, quando sofre um ataque de enurese nocturna enquanto descansa.

Não preguei olho até descobrir o paradeiro do único animal de estimação deste ser vivo (continuo a referir-me ao Paulo). Enclausurado estrategicamente junto à demais documentação referente a memórias de uma infância feliz relacionada com animais e que poderia vir a tornar-se constrangedora se descoberta, encontrava-se "Pantufa" (chamemos-lhe assim), um patinho de borracha que quando se aperta, solta um "pás, pum, póc e liberdade".

- "Pantufa", o que lhe apraz dizer sobre o recente comunicado do Paulo, em que este se mostra contra os direitos legítimos dos animais?

- O Paulo e eu andámos na mesma colónia de férias. Era um garoto rechonchudo, que gostava de ser o centro das atenções e desde aquele tempo, sempre lhe fez alguma espécie as outras crianças gostarem mais de animais do que dele. O Paulo não pode com esse género de concorrência. Desde a clássica lata atada ao rabo do cão ou a enervar os touros na lezíria, fazia de tudo.

- E o que acha que se passa agora com o Paulo?

- Eu tenho o ensino superior feito, sabe? Sou um ser do direito, bem instruído e notado na multidão. O caso do Paulo não passa de uma estratégia premeditada pelo próprio. No Parlamento Europeu começou por relatar muitas bestialidades que a seu ver, se praticavam em Portugal contra a Democracia. O que o Paulo está a realizar nesta segunda fase do seu plano, não passa de um acautelamento para que os animais jamais ganhem o direito ao voto e, através deste processo democrático se voltem contra ele quando for despachado do Parlamento Europeu para o seu devido lugar.

- Está-me a querer dizer por outras palavras que em Portugal há animais que correm o risco de ser silenciados!? Mas isso é uma afirmação grave!

- Tenha como exemplo a recente "Lei da Rolha". Assim como o Paulo, há muito militante que diz...digamos bestialidades. E quando a bestialidade começa a sair mais por cima do que por baixo, a rolha tem de ser relocalizada...

escrito por centrodasmarradas às 10:29 linque da crónica
16 de Março de 2010

...mais vale um pássaro na mão, do que dois ao luar...

 

Mas o que é que gostamos mais de consumir?

Quais os pratos com maior índice de saída no nosso país?

Eu diria sopa, se fosse minha intenção responder de uma maneira simpática. Mas como não é necessário eu respeitar regras impostas por mim mesmo neste ciclo interminável de terapia, vou respondendo conforme me der mais jeito.

Aventurei-me a comer um daqueles cremes de cenoura em atraente embalagem de plástico, munido com uma colher também de plástico e isso fez-me ponderar sobre qual o sabor dos alimentos transgénicos.

Terão os alimentos geneticamente manipulados, um sabor tão plastificado tal e qual o daquele creme de cenoura embalado!?

Esta dúvida inquietou-me tanto quanto um cão fica inquieto quando sofre um ataque inconveniente perpetrado por um trio de moscas por cima da sua cabeça.

Decidido a esclarecimentos, voltei à Serra da Arrábida para discutir esta questão com o mais bem escondido terrorista luso, Laurêncio d'Arrábida.

- Laurêncio d'Arrábida, obrigado por me receber mais uma vez.

- Eu tinha um pressentimento que ía voltar, sabe?

- Não me diga! A sério?

- Não.

- Laurêncio, os alimentos geneticamente manipulados podem adoptar sabores que não os seus?

- Isto é devido áquela questão da sensação de estar a comer um creme de cenoura embalado e ele ter um sabor plastificado?

- Exactamente!

- Isso é estúpido! Todos sabem que o creme deve ser colocado num prato e comer com uma colher de inox.

- Bom, mas se não houver outra possibilidade alternativa de comer o creme?

- Opta então por comer tâmaras ou uma sandocha de requeijão com doce de abóbora! Pelo menos não faz caretas enquanto sorve o creme!

- Mudando de assunto e falando agora de caldo verde. A malga de caldo verde quando servido, deve levar uma ou duas rodelas de chouriço?

- Depende da hora a que o colocar. Se colocar antes, a gordura do chouriço por si só vai ser absorvida pelo caldo, dando-lhe um tempero suficiente. Se colocar depois, terá previamente de calcular o tempero para que a adição das rodelas não altere o sabor.

- Muito bem, Laurêncio d'Arrábida. Vejo que não percebe só de terrorismo.

- Sabe que aqui tenho tempo para muita coisa e a culinária é um mero passatempo no meio de muitos outros.

- E que outros passatempos?

- O desenvolvimento de laxantes que não deixem vestígios na comida, a não ser os efeitos expectáveis no alvo em questão, por exemplo.

- E imagino qual é a base desses laxantes...

- Tâmaras! Sabe que a tâmara, além de uma fruta que pode ser ingerida na época ou até seca, é também um laxativo natural facultado pela natureza. Leve um saquinho delas, eu insisto!

- Pois, tâmaras...bom, tenho de aproveitar enquanto ainda se vê o caminho da serra. Aceito. Nunca se sabe quando a prisão de ventre pode atacar.

- Já reparou que a prisão de ventre pode ser encarada como uma forma de terrorismo orquestrada pelo nosso corpo?

- É pelo menos, digno de merecida referência...

escrito por centrodasmarradas às 15:17 linque da crónica
12 de Março de 2010

...ter mais olhos, que larica...

 

Os almoços e jantares de família.

As conversas interrompidas com frases como "passa aí o vinho", "chega-me a salada", "porque é que eu não tenho garfo!?"...enfim.

 

A fome é um mal que ataca maioritariamente no espaço compreendido entre as refeições. Por outro lado (e o que é um facto bastante curioso), a falta de apetite revela-se sempre no período posterior a estas.

O porquê destas tendências reflectidas pela fome, muitos opinam e ninguém tem a certeza. Muitos crêem ser devido à falta de alimentação, outros torcem o nariz a essa razão dando como exemplo a Etiópia, onde muitos passam semanas à míngua e não se queixam...ou queixam-se, mas a TVI não liga...

É graças a Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), a descoberta de que a denominada e vou-lhe chamar "estirpe do apetite", teve origem no cão.

Na altura para se descobrir se um cão estava contagiado por esta estirpe, Pavlov submetia o canídeo ao teste da sineta. A sineta tilintava e num teste positivo, o cão reagia salivando e abanando a cauda freneticamente. Para terem uma ideia, se a estirpe avançasse para um caso humano, a reacção observada poderia equivaler-se à reacção que hoje em dia, um ex-presidente do Banco de Portugal tem à sua candidatura aprovada para o Banco Central Europeu.

Mas a "estirpe do apetite" não se resume só a este exemplo.

Anteriormente na civilização romana, o povo tinha como costume ir aos lavabos vomitar durante as refeições só pelo prazer da deglutição de alimentos. Era um hábito bem visto por todos, aceitável pela sociedade. E os cidadãos da Roma Antiga andavam ali com uma linha invejada por todas as outras civilizações (foi por isso aliás, que o império romano acabou por cair), mesmo sem produtos dietéticos ou nutricionistas que eram na altura vistos como os mitrus mitra contemporâneos.

Meus fiéis, uma dúvida que vos pode surgir nas vossas meditações amadoras e sedentas de orientação, é porque terá Pavlov elaborado este estudo científico com um cão e não com outro animal qualquer. Após cinco minutos a bebericar um chá de maçã, cheguei a uma conclusão...não faço a mais pálida ideia...

Em suma, a fome pode ser uma coisa entre o mistério e o utópico e o apetite (ou a sua ausência), um efeito relativo a estímulos perpetrados pela gulosice.

Para evitarem estes sintomas agrestes, não frequentem locais onde estejam ao mesmo tempo sinetas com cães ou cães com sinetas. Agora que penso nisso, até mesmo só um cão a abanar a cauda...nunca se sabe se o apetite expressado por ele, é para nos violar uma perna...

escrito por centrodasmarradas às 15:34 linque da crónica
04 de Março de 2010

...para baixo, todos os tansos ajudam...

 

Hoje alguém achou que seria deveras divertido fazer rolar o meu bidon encosta abaixo...comigo lá dentro.

À medida que o dito rebolava e via uma perspectiva de dois dos quatro elementos (céu, terra, céu, terra, céu, terra), tive a melhor ideia do período matinal. Vou fazer para o almoço ovos mexidos ao invés de estrelados e com azeite virgem em vez de óleo alimentar. Se quero viver mais uns anos, tenho de começar a poupar o corpo...no que diz respeito ao exercício físico, não preciso de me preocupar.

Mudando de assunto como quem muda de seguro automóvel mas continuando a rodopiar, surgiu-me entre a 37ª e a 38ª cambalhota, uma epifania genial. Seria criativo fazer uma espécie de campeonato inter-regional do condutor ébrio em via pública.

A arbitrariedade ficaria, claro está, a cargo do órgão mais responsável para o efeito, ou seja, a "autoridade-que-circula-na-via-pública-sem-cinto-de-segurança" e o concurso estaria aberto a todos os encartados portugueses a residir em território nacional.

Os senhores automobilistas seriam apanhados com recurso a uma espécie de jogo da "apanhadinha" (não confundir com o jogo do "tóqui-fóge"), tendo a captura como punição, a expulsão por um mês e a beber água da torneira. No fim de cada mês, os resultados a nível distrital eram revelados na televisão pública e em horário nobre (no meio de um episódio da novela parece-me bem) e o distrito com maior taxa de baixas por expulsão de condutores aumentava a pontuação, pelo contrário, os automobilistas que eram expulsos mensalmente perdiam-na. No fim, o distrito com mais pontuação era premiado com um louvor e um carro de desencarceramento, enquanto que pelos condutores mais esquivos eram distribuídos acessórios legais e de cores vistosas para os seus veículos, evitando a maçada do "tira-põe" necessária a cada inspecção periódica obrigatória.

No fim em jeito de apoteose, haveria uma gala de entrega de prémios ao bom nível dos Globos de Ouro, ao mesmo tempo que no exterior decorreria uma festividade de incentivo ao convívio entre partes com um ou dois porcos-no-espeto, barraquinhas de tiro, algodão doce e pipocas, farturas, pão com chouriço e carrosséis com animais.

 

Para finalizar em beleza, assim que chegar ao fundo da encosta e parar, mostro-vos a diferença entre um remoinho de água e uma tromba de água...

escrito por centrodasmarradas às 15:18 linque da crónica
02 de Março de 2010

...Março marçagão, de manhã interno, à tarde Verão...

 

Foi na primeira hora do dia e qualquer minuto (desde que antes do primeiro quarto de hora), que aconteceu o inesperado. Cheguei à conclusão, que tudo isto não passa de uma cabala montada por uma organização que fabrica notícias, para facilitar a venda de termoventiladores.

Eu poderia facilmente seguir o caminho menos sinuoso e disparar sobre o Governo, como faz aliás a oposição que já foi Governo e que, na altura, o Governo actual era a oposição ao Governo de então que também, e para quem tem uma memória como eu de 2Tb, não era "grande espada"...perdão, Governo...

Se a chuva e o frio dão assim tanto lucro, qual a razão de tamanha insistência da parte destes dois, de permanecerem no meio do Hemisfério Norte, quando podiam estar muito bem a fazer uma excelente prestação de serviços no Ártico!?

Meus fidelíssimos fiéis, distintos convidados, mamã e papá, é com algum nervosismo que lanço nesta terapia de grupo de um só elemento mais um marco histórico. Por hoje e hoje só, tenho o meu consultório matrimonial.

Tenho aqui hoje nesta minha estreia, um casal de peso.

- Senhor Frio d'Inverno, Madame Pluviosidade, agradeço do fundo da minha arca congeladora a vossa excelsa presença.

- Ora essa, cavalheiro. Não tem de quê.

- Começava por si, Senhor Frio d'Inverno. Para iniciar um breve questionário, faço-lhe a pergunta que seleccionei do balde de arenque dos meus Pinguins de Magalhães. Esta questão foi lá deixada pelo Movimento dos Animais Polares e que reconheço ser de uma pertinência imensurável...

- Prossiga, meu bom homem.

- Passo então a ler a pergunta. Início de citação: "Oh meu filho de uma grandessíssima aleivosa! Fomos obrigados a emigrar por tua causa. Quando é que largas essa vadia húmida que te anda a chupar o gelo todo e voltas a ocupar-te das tuas obrigações!? Se não for para breve, espero que te constipes com o calor, rafeiro tinhoso!". Fim de citação. O que tem a dizer sobre esta questão importante?

- Eu passo desde já a esclarecer a minha súbita ausência da habitual residência de Inverno. A nossa relação deteriorava-se e o nosso conselheiro recomendou-nos umas férias. Estávamos em Outubro e aproveitando uns dias de baixa devido a uma depressão que ela apanhou junto ás ilhas britânicas, decidi trazê-la para aqui e esperar que a crise de choro passasse...foi até hoje...

- Madame Pluviosidade, para abreviar um pouco, para quando a partida ansiada para todos?

- Vês!? O que é que eu te disse!? Ninguém gosta de mim!...(choro com soluços)...não fosses tu tão frio com as pessoas, isto resultava!

- Bom, como forma de agradecimento pela visita, tenho aqui um útil desumidificador para a Madame Pluviosidade.

- Será que vai melhorar a minha sinusite?

- Acredite que vai melhorar muita coisa, Madame. E para o senhor Frio d'Inverno tenho aqui um acolhedor cobertor eléctrico.

- Revelo um certo receio com este presente. Ouvi dizer que tem havido cada vez mais acidentes e mortes com cobertores eléctricos.

- Isso são notícias fabricadas para instigar o medo ao povo, mera especulação...

escrito por centrodasmarradas às 17:22 linque da crónica
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saída de emergência
 
patacoadas
..ainda bem. Está na altura de trazer uma garrafa ...
Vinho é muito bom! concordo consigo :D
Esse reality show não teria grande sucesso, pois j...
...e será só ela, Rafeiro? Abraço...
Quando aparece o tipo a dizer porque é que a outra...
...a seu tempo, meu caro. A seu tempo...
...bem relevante!...e as garantias?...ningué...
Eu não sei se devemos dar dinheiro a esses tipos o...
1º Eu respondi a cena do ministro, queres a morada...
Eu juntava era esses criadores de dias mundiais e ...
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