24 de Dezembro de 2010

...amigo verdadeiro, vale mais do que pinheiro...

 

Um destes habituais dias em que saí à rua para me dedicar a regar o puxador das portas dos carros desconhecidos que encontro mais a jeito, uma criança buscando a sabedoria perguntou-me se sabia como havia surgido o Natal. Eu olhei o pequerrucho, sorri e esfregando os nós dos dedos na moleirinha deste, respondi-lhe da melhor maneira possível:

- Ainda bem que me fazes essa questão, meu pequeno. Estavam decorridos 25 dias do mês de Dezembro quando, no primeiro centro comercial de que há memória, há muito que se passava por uma situação a que o Papa Bolo Rei gosta de referir como "nariz encostado à parede". Ora foi nesta meca mercantil quer desprovida de atractivos, quer de ideias para vender o resto da colecção da estação, que por obra do acaso, do nada, apareceu um velhinho de barbas brancas e vestido de uma forma muito peculiar, quase circense contudo apelativa, que inspirou os mercadores. O velhinho escutou a ideia dos mercadores que o rodearam e a troco de dois ou três garrafões de bom palheto que lhe tornasse o frontespício mais rosado, concordou. Logo ali mesmo foi celebrado um contrato precário a recibos verdes, com a duração de dois meses, sendo a folga a um dia da semana e a escolha desse dia por mútuo acordo. Tinha desta forma nascido o Natal que dura até hoje.

Finda a explicação sem os floreados pomposos habituais, a criança afastou-se de mim primeiro com uma expressão de estranheza, depois correndo a chorar para junto da sua mãe. Suponho que por ter sido enganado este tempo todo...

 

Este ano, façam tal e qual como eu. Se alguém mostrando inocência vos perguntar como nasceu o Natal, digam tudo menos a mentira...senão, não há prendinha...

escrito por centrodasmarradas às 18:39 linque da crónica
20 de Dezembro de 2010

...o mal comum, é meia alergia...

 

Estou aqui algures num hipermercado, onde neste momento acabo de ser bombardeado e violentado por uma chuva de recibos de máquinas multibanco que se precipitaram copiosamente sobre mim! Mesmo assim, prossigo...

 

Poderia ter acontecido num qualquer conflito duma caixa de hipermercado, mas não foi assim. Eric Cantona incitou a que os cidadãos retirassem todo o seu dinheiro dos bancos em jeito de protesto contra a crise financeira, que levou recentemente a medidas de austeridade e que ameaçam por sua vez a retoma económica. O povo português sorri em tom jocoso e acusa Cantona de já chegar tarde. Tudo porque na época natalícia, este povo une-se e bate o recorde nos levantamentos por multibanco, ano após ano, deixando assim as suas contas bancárias tão secas e negativas, como o ar frio do Atlântico Norte. Desta maneira por um lado arruma-se a crise, por outro arruma-se com os bancos, os bancos ficam arrumados com a crise e por isso arrumam com os portugueses, estes ajudam-se a si próprios a ficarem arrumados com os bancos e...vamos avançar...

 

O aeroporto norueguês foi recentemente encerrado devido a um pacote suspeito. Por momentos, surgiu-me a forte possibilidade de o Eng. José Sócrates andar a querer chegar a uma boa maneira de evadir-se de Portugal, envolto em cartão canelado...

 

Resolvi fazer uma nova sondagem à boca da boca de incêndio e perguntar acerca do Governo pretender esconder a degradação do controle da despesa pública. O máximo que consegui foi um banho violento a jacto de água inquinada, um ouvido tapado e um rótulo de uma marca conceituada de queijo-creme na testa, por ter sido arremessado contra um contentor de lixo orgânico...

 

Despeço-me com um grande e especial bem-haja à Dona Clotemilde Morcena, moradora em Vale de A da Rega, nº 22, por finalmente ter conseguido o seu objectivo de vida - fazer com que fossem cortadas duas reformas ao caloteiro do seu ex-marido, deixando-o somente com uma de 300€/mês. Muitos tivessem a coragem de ajudar o Estado com este e outros exemplos de iniciativas, estávamos há muito na fila da frente de Bruxelas...

escrito por centrodasmarradas às 12:11 linque da crónica
15 de Dezembro de 2010

...quem despenha, quer comprar...

 

Eu continuo a dizer e ninguém me tira daí o sentido. Ir a Nova Iorque e não tentar trazer-me um pedaço do que poderá ter sido um vestígio de uma das torres gémeas, é como ir à Serra de Estrela e não trazer de lá no pára-choques um ramo generoso de acácia...

 

Quantos de nós já não encontrámos numa parede de casa de banho pública, algo a referir prazeres em troca de um doce? Eu também não, mas há-de haver algures neste país - num sanitário público mesmo que decadente - uma porta a ocultar as expressões faciais mais tristes, que exibe orgulhosamente esse apelo. Se não for em Portugal, algures será nesse vasto mundo...

Bom, toda esta introdução serve para um fim. Este último fim-de-semana foi o bom e o bonito devido a um pequeno mal-entendido com o açúcar. E, enquanto descarno um fio de muita alta tensão a fim de extrair algum cobre para fazer uma colher de chá, pergunto-me se não valerá a pena termos (nesta altura crítica em que olhamos para a bebida e a bebida olha para nós), uma pessoa doce por perto...um diabético, por exemplo...

 

Por falar em Cuba, em temas com laivos açucarados e de pôr os olhos em bico.

Depois da entrega no Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo ser considerada pelo PCP como "mais um golpe na credibilidade" deste galardão, chega a vez do prémio Sakharov ser entregue a um outro dissidente, o cubano Guillermo Fariñas e, pela voz de Ilda Figueiredo, o PCP não nega fogo e diz achar a atribuição "uma hipocrisia" do Parlamento Europeu.

Livrem-nos se um dia alguém ousar ameaçar estes defensores fervorosos do direito à liberdade. Eu tremo só de pensar no cruel destino que esse alguém pode vir a ter...

escrito por centrodasmarradas às 23:36 linque da crónica
12 de Dezembro de 2010

...quem não se tente, não é filho de boa gente...

 

Reza a música popularucha, cujas palavras são de José Malhoa (o músico popular, não o pintor):

"toda a malta gritou,

até o Padre ajudou:

aperta, aperta com ela!"

 

Aperta , aperta com ela!? Mas que Diabo!?

Se o Padre ajudou e se Vosso Senhor vem a saber disto, quem é destinado para apertar com o Padre? O Cardeal!? O Bispo!?

E quão livre e espontânea é a vontade de um deles, em assumir essa tarefa!?

Afinal sou só eu a estranhar, ou o tema deste arraial ainda vai acabar em "tudo ao molho e fé em Deus"!?...

 

Agora e por falar em José Malhoa (o pintor, não o músico popular), Manoel de Oliveira, o mais ancião realizador da Sétima Arte, mostrou-se mais poupado e resolveu realizar uma curta-metragem com cerca de 15 minutos (sem contar com os créditos), a rondar a história do políptico de S. Vicente de Fora, uma obra do séc. XVI da autoria de Nuno Gonçalves.

Ora sendo Manoel de Oliveira o realizador mais antigo no activo, já com 102 anos completados e os painéis sendo uma obra de teor religioso, em exposição no Museu de Arte Antiga, eu pergunto...é impressão minha, ou estará ele a "arrastar a asa" a um lugar? Só me falta descobrir se é no dito museu, se lá em cima com as outras divindades...

 

A senhora ministra da saúde, Ana Jorge, disse algo como a Igreja ter de "esclarecer a sua posição" quanto ao preservativo. Eu tento manter-me tranquilo e de uma forma séria, mas confesso que até eu tremo diante da minha própria imaginação fértil.

Devo apenas dizer que manda o bom-senso, a senhora ministra começar a escolher melhor as palavras, não vão os Padres começar a apostar na música do José Malhoa e regozijarem-se em poderem "apertar" com ela...

escrito por centrodasmarradas às 22:53 linque da crónica
10 de Dezembro de 2010

...ovelha que borrega, meia bolada que perde...

 

Vi um anúncio de televisão relativo a comida dita especial para gatos e a bem da minha saúde, resolvi arriscar. Fui esterilizado e funcionou. Agora tenho realmente o peso controlado e o aparelho urinário está com um tracto que se assemelha a um aspersor de água numa macro-cultura de cultivo intensivo de milho. Relativamente ao sabor da comida anunciada, deixa muito a desejar...

 

A Coreia do Norte fez um ataque falhado à Coreia do Sul. Esta era a segunda e derradeira oportunidade de toda a selecção nacional de futebol do país poder redimir-se dos erros passados, mas viu-se pelo resultado da ofensiva bélica que este grupo atípico, nem nos jogos tradicionais do próprio país conseguem mostrar brio...

 

A equipa que neste momento governa os destinos de Portugal (estão incluídos os imigrantes ilegais, pedófilos, corvos marinhos, eucaliptos e afins), pretende que os hipermercados passem a fazer um desconto aos clientes que não necessitem de sacos de plástico. O Belmiro de Azevedo deve simpatizar com a ideia, mas enquanto contribuinte (cliente do Estado, portanto), deve mesmo assim achar que falta ousadia. Talvez o leve a pensar "porque não serem mais arrojados e fazerem um maior desconto ao povo dormente pelos 36 anos de política bacoca?"...

 

Vamos agora todos descontrair indo numa incursão até ao recreio jogar à apanhada e subir ás árvores, a seguir experimentar tocar ás campainhas a meio da madrugada e por fim, mas não o menos importante, atirar ovos podres a todos os políticos que virmos passar na nossa rua. Mesmo os que andam em passo de corrida ou marcha olímpica...

escrito por centrodasmarradas às 01:34 linque da crónica
07 de Dezembro de 2010

...o degredo, é a alma do negócio...

 

Nunca pensei chegar ao ponto de um dia poder ver o Obama sentado a uma mesa, a escrever num livro como se de um aluno se tratasse e o Professor Silva a assisti-lo como se fosse uma lição de escola, à qual toda a comunicação social testemunha.

Mas nesta visão que me fez duvidar das propriedades revigorantes do chá de casca de castanha, o que teria o Professor Silva para ensinar ao Obama que este já não tivesse tido conhecimento!?

Bom, para começar e em jeito de pura especulação, apelem ao vosso masoquismo e sigam-me contra a própria vontade, imaginando através da minha orientação, que há alguma coisa que a "velha raposa" poderia vir a ensinar.

Segundo o meu ver, o Professor Silva poderá inicialmente surpreendê-lo com uma demonstração eficaz da sua clássica e infalível técnica de evitar perguntas incómodas, sobejamente conhecida como "Táctica do Bolo Rei".

Depois (e caso ainda o Obama não se mostre mortificado o suficiente com a demonstração circense), há sempre tempo para uma viagem ao passado para algumas noções basilares sobre os tempos áureos do clientelismo aplicado e em como, mais rápido que o movimento de masturbação de um gato, se conseguiam fazer desaparecer dinheiros comunitários.

Por fim e para impressionar, apresenta um conjunto de exemplos, dos quais destacará o modo como se tinha preferência pela contratação de empresas detidas por amigos e como se projectavam e faziam Itinerários Principais e Complementares por muito menos dinheiro, tudo isto sem investigações insinuantes sobre o paradeiro do restante capital não aplicado.

 

Tenho para mim e claro, em jeito especulativo, findo o curso intensivo e ainda cambaleante com a verdade inconveniente, Obama iria de futuro pensar duas vezes antes de menosprezar um povo que é detentor de uma visão estratégica em tudo comparável com o povo americano, bem como não iria mais subestimar o poder do "compadrio" político português, em tudo comparável também com o americano.

Quanto ao facto de, se hoje em dia é melhor fazê-lo ás claras ou ás escuras, isso é irrelevante. O que interessa é fazê-lo...

 

Finalizo em grande, enchendo a boca de Bolo Rei (o resto vai para o dito Professor), e peço uma salva de palmas para o senhor Carvalho da Silva. É muito raro ver um político sair para a rua "travestido" de trabalhador que ganha pouco...

escrito por centrodasmarradas às 00:41 linque da crónica
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