12 de Abril de 2010

...quem não arrisca, não mordisca...

 

O buraco...

Que segredos encerra no seu espaço?

Que perigos esconde no negrume?

Qual a profundidade de um buraco negro, em comparação com o buraco de certas Câmaras Municipais de Portugal?

 

No meio de todas estas dúvidas que podem de facto, mudar o rumo de uma garrafa de vidro na corrente do mar, acedi ao convite feito pela Associação Buracos de Orçamentos de Obras Públicas e Privadas, Furos e Porque Não, de Afins Também.

Três buracos que representaram obra distinta, estão presentes para uma breve tertúlia, cada um no seu alguidar. Não houve uma selecção prévia de perguntas a que os intervenientes tiveram acesso, nem vou seguir uma obra pré-estabelecida. A única excepção será eu decidir quem responde em primeiro.

- Antes de mais, uma palavra de saudação para todos. Vou começar por si. Diga-nos de sua justiça.

- Olá a todos. É com um misto de alegria e comoção que aqui me encontro e, se não fosse o seu interesse, não teriamos voz para nos fazermos ouvir. Eu começaria por referir as inúmeras tentativas silenciosas com que têm, de forma permanente, tentado acabar com o nosso departamento.

- E qual é o seu departamento?

- É muito vasto, mas basicamente são furos.

- Mas que género de furos!? Furos para extracção de água, furos de orelha!? Especifique.

- Furos para a imprensa cor de rosa.

- Pode adiantar algum?

- Ainda não inventei nada para amanhã, mas costuma surgir sempre uma ideia até ao fim do dia. Tem é de ser minimamente credível! A nossa credibilidade é que faz o nosso leitor...ou será o contrário!?...

- Certo. Dirijo-me ao meu próximo representante. Porquê só agora a vossa reivindicação?

- Porque só agora é que saí do buraco onde estava! Se não fosse esta última enxurrada de água que veio e que me trouxe ao nível da superfície, a esta hora ainda estaria a comer ratos!

- Quer dizer que está aqui acidentalmente!?

- Acidentalmente não! Cheirou-me a croquetes. Qualquer tertúlia deste gabarito, tem sempre uma mesinha com uns aperitivos. Espero que haja ainda mais alguma coisa. Se não houver, basta um pacote de batatas fritas! o interior do invólucro fica sempre com algum condimento. Eu sei porque apanhei alguns quando estive lá!

- Lá...na guerra do Ultramar!?

- Mas qual guerra!? Lá no buraco do pavimento, homem! Aquele de onde eu saí!

- O meu último representante da Associação Buracos de Orçamentos de Obras Públicas e Privadas, Furos e Porque Não, de Afins Também, está desejoso por relatar a sua experiência. Prossiga, meu bom homem.

- Como está? Bem dispostinho? Bom, eu antes de mais, devo esclarecer que estou num departamento em que suspeito sou, se disser que não gosto de buracos. Aliás, creio e receio que o meu testemunho exposto aqui, só venha contribuir para confundir os demais.

- Qual é o departamento?

- Películas badalhocas.

- Quer dizer concerteza, pornográficas?

- Não, quero mesmo dizer películas badalhocas! É que são de uma baixeza, duma falta de gosto, duma falta de qualidade! Ainda ontem era um cavalo e uma senhora de nacionalidade...

- Pormenores não, obrigado!...

escrito por centrodasmarradas às 23:23 linque da crónica
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