...o bom filho, à casa morna...
A chuva quando vem assim rara, é para todos. Mas não só se torna uma tortura para qualquer pequeno escaravelho que tenta fazer o seu caminho para casa, como também torna deficiente a trajectória aérea das vassouras, quando alguém quer ver-se livre de putos gulosos, com fatos aparvalhados.
Mas isso não é vergonhoso. Vergonhoso é este tipo de chuva não lavar convenientemente a lona do pneu suplente do meu carro...
Quem teme pelo seu património, deveria começar por considerar as abóboras como uma solução para evitar que a casa seja assaltada por um meliante, que escolhe invadi-la pelo quintal. A coberto da noite, a abóbora torna-se a solução acertada na amostra gratuita de um inesperado tombo ao incauto ladrão, que não conta com a sua presença dissimulada na morfologia do terreno.
Mas se o descontraído residente não teme a ladroagem que pode surgir pelas suas traseiras, transformar a entrada como se de um hospício se tratasse, também não é a decisão mais correcta. Se um psicopata se embrenhar no espírito fantasmagórico e decidir espetar objectos contundentes nos corpos desta família relaxada (em directo do alpendre e à vista de todos), os vizinhos irão achar uma situação perfeitamente normal já que graças a um teatro proporcionado de caveiras e abóboras decepadas, com luzinhas e velas mórbidas, alguns vultos a espetar e a serem espetados, não passarão decerto por algo insólito e anormal.
A abóbora, meus frenéticos absorventes de consumismo e pseudo-tradições alheias, merece continuar com o seu lugar permanente no quintal, zelando pela horta e família séria de acolhimento. E por vezes na sopa, mas só quando se trata de um tributo ou homenagem sentida...